Sim, sim: os Nerds também amam, e, acredite, também assistem dramas românticos! Vai me dizer que você nunca se flagrou vendo alguma das várias reprises de Ghost – Do Outro Lado da Vida, na Sessão da Tarde, ou que não sentiu nem um pouco de curiosidade de saber do que se tratava em A Culpa É das Estrelas? Anyway, mesmo que você não goste de filmes de comédia/drama românticos, o fato é que, como Nerds e cinéfilos que somos, em algum momento teríamos que nos pronunciar sobre eles, e a adaptação cinematográfica do livro de Jojo Moyes, Como Eu Era Antes de Você, se mostrou uma boa ocasião para tal abordagem.

Eis a primeira consideração importante sobre o filme: é uma adaptação da literatura para a telona. Você já deve ter ouvido diversas vezes que “o livro é melhor que o filme”, mas a bem da verdade é que cinema e literatura dispõem de recursos de linguagem bastante diferentes, o que dificulta comparar um e outro. Enquanto a palavra literária passa inevitavelmente pelo raciocínio e pelas associações lógicas do leitor, o cinema, por outro lado, tem um apelo muito maior aos sentidos, visão e audição, e fazer essa passagem é certamente uma dificuldade pra todo diretor. Imagine o desafio de traduzir todo um conflito psicológico de um personagem para umas poucas imagens, uma expressão facial dos atores, ou uma frase musical na trilha sonora. Por mais fiel que se tente ser ao enredo de um livro, o diretor praticamente tem que recriar a obra literária de modo a atender às exigências da linguagem do cinema, e uma obra recriada é inevitavelmente diferente daquela que lhe deu origem.

Um exemplo? Blade Runner – O Caçador de Andróides. O filme dirigido por Ridley Scott modificou diversos aspectos do livro, e o resultado foi tão bem-sucedido que o filme se tornou uma obra quase que independente do livro de Phillip K. Dick, de modo que alguns dizem que o livro foi mais uma inspiração para o filme do que uma adaptação propriamente.

No que diz respeito à fidelidade do filme ao livro de Jojo Moyes, confesso que não tenho uma opinião formada, porque não li o livro, mas contei com a gentilíssima colaboração da srta. Amanda Ferreira, que disse que “o filme foi bastante fiel ao livro”, e reproduziu a essência da trama.

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O foco do filme é a relação entre Louisa e Will. Confessei à minha colaboradora Amanda que achei a personagem Louisa espalhafatosa demais, sorridente demais, a tal ponto que já estava começando a achar o filme meio sacal, mas dei um desconto quando ela comentou que a atuação de Emilia Clarke foi bem próxima da personagem do livro. Sam Claflin não lembrava em nada o Finnick de Jogos Vorazes: conseguiu passar uma atuação convincente, contrastando arrogância e alívios cômicos, característicos do personagem. Do mesmo modo, apesar de ter aparecido pouco, Mathew Lewis mostrou que não há mais nada de Neville Longbottom (da saga Harry Potter) em suas atuações.

O ritmo da relação dos dois foi bem trabalhado, sim, mas confesso que senti falta de conflitos secundários. 

O grande mérito do filme e da diretora Thea Sharrock, no entanto, é o final, que, como confirmou a minha colaboradora, foi bastante fiel ao livro. Classifico a decisão da diretora quanto ao final do longa-metragem como corajosa, visto que os eventos foram simplesmente apresentados, e o leitor/espectador que tire suas próprias conclusões. Gostei muito do fato do final ter tirado o público da passividade, coisa que, confesso, tenho sentido falta no cinema.

Por fim, apesar de o filme focar excessivamente na relação entre Will e Louisa, de ter uma trilha sonora meio apagada e de ter achado a personagem de Emilia Clarke exagerada, o filme conseguiu ser uma adaptação fiel ao livro (créditos para Amanda Ferreira) e proporciona bons momentos, engraçados e dramáticos, sendo uma boa indicação para indicação pra ver a dois, assim como também questiona o espectador.

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