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Se você parar para pensar a Netflix tem uma produção bastante diversificada e interessante no campo dos animes. Temos obras adultas e violentas como Castlevania, o clássico shonen como The Seven Deadly Sins e obras um pouco mais sensíveis como o filme Olhos de Gato. Vale lembrar que no momento em que escrevo essa crítica quase todo o catálogo do estúdio Ghibli está na Netflix. Aliás, o filme em questão lembra muito algumas das características das obras Ghibli.

Miyo Sasaki é uma adolescente completamente apaixonada pelo seu colega de classe Kento. O problema é que tanto ela quanto ele têm dificuldades de se comunicar com o mundo, mas de formas diferentes. Ambos também possuem seus problemas familiares que só deixam suas vidas mais complicadas. Quando Miyo encontra uma espécie de gato mágico que lhe oferece uma máscara que lhe permite se transformar num gato  ela começa a utilizar esse novo poder para se aproximar de Kento.

Eu disse que esse longa se parece com uma obra do estúdio Ghibli pois ambas possuem esse ar de conto de fadas na maioria de suas histórias e é justamente o caso aqui, talvez com um ar um pouco mais moderno. A parte da fantasia é bastante interessante e, em certo ponto, original mesmo lembrando bastante o filme O Reino dos Gatos (um anime de 2002). Os créditos devem ser dados à roteirista Mari Okada que vem escrevendo para animes desde 2001. A direção é compartilhada entre Tomotaka Shibayama e Jun’ichi Satô. Tomotaka trabalhou no departamento de animação de clássicos como A Viagem de Chihiro e A Garota que Conquistou o Tempo. Jun’ichi Satô, por sua vez já dirigiu episódios de Sailor Moon e trabalhou no departamento de arte de Neon Genesis Evangelion: O Fim do Evangelho.

Dá para ver que os três principais nomes desse projeto são de peso e isso transparece na obra. A animação é linda e consegue encantar nos momentos mundanos e também quando adentramos no universo mágico da trama. Os movimentos são fluidos e na medida certa entre um desenho animado e algo mais realista, algo que os animes são particularmente muito bons. A direção é bastante criativa em alguns momentos e sabe trabalhar com diferentes períodos de tempos entrelaçados sem ficar confuso.

Agora vamos focar mais no roteiro de Mari Okada. A protagonista é suficientemente interessante para que fiquemos engajados em sua história. O problema é que por vezes ela é excessivamente ingênua para a idade que é retratada, quase como se fosse uma criança e não uma jovem que já está começando a adentrar na puberdade. Outro problema são alguns conflitos, principalmente na transição do primeiro para o segundo ato. Eles parecem artificiais e desconexos da realidade de como as pessoas realmente se comportam e como os demais personagens se comportam ao longo do filme.

Agora vamos aos pontos positivos. A transição do segundo para o terceiro ato é muito boa e aqui temos a melhor parte do filme. Acontece até uma reviravolta totalmente inesperada e muito boa que faz a tensão aumentar bastante e só beneficia o clímax da história. Se tivéssemos mais do terceiro ato no resto de todo filme essa seria uma obra incrível.

De modo geral acho que Olhos de Gato é um ótimo conto de fadas e pode ter um grande impacto em crianças que estão começando a adentrar na adolescência, mas a partir dos 15 anos acho que o público pode não se engajar tanto. A mensagem final é bastante válida e perfeita para esse período da vida onde estamos começando a nos tornar adultos. É o tipo de obra que pode ser uma porta de entrada para quem não gosta tanto de animes ou tem certo preconceito por causa das animações japonesas de ação mais famosas.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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