A literatura infantil é uma fonte rica para inspirar obras em outros formatos, principalmente para o cinema. Robô Selvagem, do escritor Peter Brown, é um grande exemplo disso, tanto que sua adaptação para as telonas resultou em uma das animações mais bonitas dos últimos tempos. E, assim como o filme, o livro nos emociona e diverte na mesma medida. 

O primeiro volume da trilogia nos apresenta à robô ROZZUM 7134, mais conhecida como Roz. Ela é a única a escapar ilesa de um naufrágio e chegar a uma ilha habitada somente por animais. Seguindo sua programação de sobreviver, Roz tem que enfrentar a hostilidade do ambiente e das espécies locais. Logo após um acidente, ela encontra um ovo de ganso e imediatamente cria um laço com o filhote, Bico-Vivo

Robô Selvagem é uma leitura prazerosa e isso fica evidente logo na primeira página. Apesar de o público-alvo da obra ser infantil, o autor consegue utilizar uma linguagem simples que agrada a qualquer faixa-etária. Ele conversa com o leitor e narra os acontecimentos de maneira divertida além de provocar algumas reflexões importantes nos mais atentos. 

Uma delas diz respeito às mudanças climáticas. Por mais que não haja humanos na história, fica subentendido que suas ações levaram a mudanças drásticas no planeta. Ficamos sabendo disso através do olhar dos animais que, mesmo sem saber explicar o porquê, percebem as alterações inesperadas na natureza e o contraste estranho (e às vezes assustador) com a tecnologia. 

A outra fala sobre a gentileza mesmo em um ambiente que não inspire isso. Apesar de ser uma máquina, Roz aprende a demonstrar muito mais empatia do que algumas pessoas de carne e osso. Ver esse processo de amadurecimento e autoconhecimento é um dos pontos altos de Robô Selvagem, ao mesmo tempo comovente e inspirador. 

A premissa do livro e do filme é a mesma, destacando o paralelo entre instinto animal e programação robótica para então colocá-los à prova. Contudo, o material original tem mais espaço para uma quantidade maior de personagens e desenvolve a relação entre eles e Roz de forma gradual, especialmente com Bico-Vivo e o laço materno que a protagonista descobre. 

O desfecho deixa algumas possibilidades em aberto, mas funcionaria muito bem como volume único. Mesmo assim, fica a curiosidade sobre o que Roz irá fazer a seguir, de modo que a leitura dos dois livros restantes só tem a agregar. Infelizmente, eles ainda não foram publicados no Brasil e só estão disponíveis no original em inglês. 

Seja nas telonas ou nas páginas, Robô Selvagem é uma obra emocionante, escrita com uma sensibilidade incrível sem deixar de possuir um olhar crítico. Independentemente da idade de quem esteja lendo, tanto a aventura quanto as reflexões contidas nas palavras de Peter Brown deixarão os leitores leves e felizes após a leitura.

Adicione este livro à sua biblioteca!

Leia a crítica do filme Robô Selvagem (2024)

Publicidade
Share.
Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

Exit mobile version