É bastante provável que você já tenha esbarrado com esses dois personagens em algum momento de sua vida. Seja nos filmes em live-action ou nas animações. Mas o que diabos são esses dois personagens? Asterix e Obelix são uma das tríades da vertente franco-belga de quadrinhos e um ótimo exemplo para mostrar aos fãs da cultura pop que quadrinhos vão muito além de super heróis, Marvel e DC. Acredito que os quadrinhos desta dupla são uma das coisas mais belas que esta mídia já produziu e uma das mais criativas.

Imagine fazer uma história cômica para todas as idades, que precisa se passar no auge do império romano, e, ao mesmo tempo, contar a história deste período com doses de aventura. Certamente não é uma tarefa fácil, mas a dupla R. Goscinny e A. Auderzo criaram juntos uma pequena mitologia fantástica. No primeiro álbum, “Asterix O Gaulês” que foi publicado em 1961, já temos a apresentação deste mundo da tribo gaulesa que resiste à ocupação romana graças à poção mágica do druida Panoramix que concede super força.

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Todas as aventuras são protagonizadas por Asterix e seu fiel amigo Obelix, onde eles cruzam a Europa e, às vezes, outros continentes, vivendo aventuras de todos os tipos. Como estudante de história eu sempre evito usar o termo “obra X é uma aula de história”, porque isso dá a ideia de que basta ler ou assistir determinado produto da cultura pop para que você esteja qualificado para falar de determinado período histórico. Asterix não chega a ser uma aula de história, mas tem uma criatividade absurda em mostrar esse período, e o mais importante, o caldeirão cultural que é o mundo hoje e naquela época. Aqui escolhi cinco álbuns da minha coleção para montar uma listinha que qualquer um poderá começar por elas. O bom deste estilo de HQ europeia é que os álbuns são sempre auto-contidos e quase nunca é preciso ter lido numa determinada ordem para entender alguma coisa. Basta agarrar o que ver pela frente e ler.

Asterix Gladiador (1964)

Na aldeia gaulesa onde moram os personagens existe o bardo Chatorix que possui o canto mais insuportável de todos os tempos. Toda a vila não suporta suas cantorias infernais e constantemente ele vai para floresta onde pode praticar sua arte sozinho. Um dia ele é capturado por um grupo de romanos e levado para o imperador Cezar como presente. Asterix e Obelix vão ajudá-lo e, para encontrar o amigo, eles se entregam como gladiadores. Como tudo que eles se metem vira piada, logo todo o universo de gladiadores se torna recheado de momentos divertidos. Este álbum é um exemplo clássico de como essas aventuras sempre tiram sarro das autoridades romanas e brincam com a perspectiva de bárbaros VS civilizados.

Asterix e os Normandos (1967)

Um roteiro que é um tapa na cara para quem acha que é impossível fazer uma história universalmente engraçada. Os normandos são historicamente conhecidos como os terríveis povos conquistadores que só sabiam saquear, matar e dominar. Uma estranha lenda surge e este povo passa a creditar que o medo dá a capacidade de voar, mas tal povo não sabe o que é medo. Assim eles decidem viajar até a Gália para que algum povo os ensine o que é medo, mas eles percebem que eles dão medo aos outros. Mas como eles podem dar algo que eles não possuem? Paralelamente temos a chegada de Calhambix, um adolescente descolado que vai passar as férias com sua família na aldeia de Asterix. Ele é uma piada perfeita para a juventude rebelde, roqueira e que renega os hábitos de seus pais. Esses dois mundos se encontram e geram uma história totalmente genial.  Essa história teve uma adaptação animada para o cinema, mas que saiu com o nome Asterix e os Vikings, que saiu em 2006.

Asterix Legionário (1967)

Aqui temos a introdução da personagem Falbála, que logo se torna uma paixão platônica de Obelix. Infelizmente ele descobre que ela está noiva, mas seu amado foi cooptado a força para servir como um dos legionários de Cesar em suas batalhas na África. Prontamente, a dupla se voluntaria para resgatá-lo e o plano consiste em se alistar no exército e partir infiltrados para as batalhas na África. Mais uma história que consiste em fazer piada do exército e brincar com as diferentes culturas que compunham o multifacetado império romano. A forma que é criado, a representação de cada povo e cultura daquele período é extremamente divertida e sem cair nos estereótipos maldosos.

Asterix e os Jogos Olímpicos (1968)

Assim que os gauleses descobrem que existe uma competição para os melhores esportistas do mundo romano, eles logo desejam participar. Todos os principais personagens da série partem numa viagem para Grécia com o intuito de participarem dos jogos, gerando um verdadeiro caos entre os outros competidores e permitirá que você conheça de uma vez só todas as figuras relevantes criadas para compor a aldeia. Mais uma das aventuras que teve adaptação para o cinema em 2008 e é uma verdadeira porcaria que, além de distorcer uma premissa tão simples, foca quase que completamente nos romanos e não nos gauleses.

Asterix e o caldeirão (1969)

Um chefe gaulês de outra tribo chamado de Amigursix pede ajuda do chefe Abracurcix para proteger um caldeirão cheio de dinheiro que seria levado pelos romanos como pagamento de impostos. Asterix é colocado como guardião da quantia que é misteriosamente roubada durante a madrugada. Ele é banido da vila até que recupere a quantia. Obelix se junta ao seu amigo e assim os dois partem para o mundo dos grandes centros urbanos de Roma e descobrem como se dá a vida dos comerciantes, atores e apostadores. Eles tentam recuperar o dinheiro de todas as formas inimagináveis e hilárias.


Não deixem o aspecto juvenil te afastar deste material. Da mesma forma que essas HQ’s podem ser lidas por uma criança de oito anos, elas também vão entreter um adulto. O humor é tão simples e tão sofisticado que é impossível não ficar encantado. Também é uma ótima forma de entrar nos quadrinhos europeus. Para quem gostar esse é um prato cheio, pois existem trinta e sete álbuns, além de mais dois que contam como especiais. Em pouco tempo você estará encantando por esses personagens e esse mundinho tão único que transformou o colossal império romano numa piada deliciosa.  E sim, também vai aprender um pouco de história antiga.


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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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