O estereótipo do amante latino, conquistador barato e sedutor de senhoras idosas ricas é um dos mais pobres. Geralmente são corpos bonitos, mas sem nenhum conteúdo e só servem para compor outros personagens ou embelezar a cena. Entretanto, Como Se Tornar Um Conquistador chega para contar a história de uma dessas figuras que seria apenas o plano de fundo destacado de uma cena. Uma comédia bem leve com uma pegada de Sessão da Tarde que tira boas risadas de uma história clichê, porém divertida sobre família.

Máximo (interpretado por Eugenio Derbez) sonha desde criança com uma vida sem trabalho e, devido a isso, acaba investindo numa carreira de “marido de senhoras idosas ricas”. O problema é que ele acaba se acomodando e perde seus poderes de encantar, e, por consequência, sua esposa se separa dele. Agora ele precisa descobrir como retomar sua vida, com seus quarenta anos, sem emprego ou qualquer experiência.

O filme é dirigido por Ken Marino, que até faz um divertido personagem secundário, Marino possui experiência em dirigir comédias como “Uma Família do Bagulho” e “Faça o que eu digo, e não faça o que eu faço”. O roteiro é feito pela dupla Jon Zack e Chris Spain, que fazem um bom trabalho com um roteiro redondinho. A pergunta mais importante a ser feita nesse tipo de filme é: ele é engraçado de fato?

Sim. O filme aposta na maior parte do tempo com humor de situação e se sai muito bem nisso. Nosso protagonista se mete em diversas situações cômicas devido a sua condição de tentar seduzir uma nova esposa sendo que ele perdeu toda a beleza da juventude. O tom é bem mais puxado para o exagerado, mas não perde a mão e consegue realmente ser criativo. Outros tipos de humor tem espaço, como o físico que é utilizado de forma inteligente. Até mesmo o humor escatológico tem espaço de uma forma interessante no roteiro.

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Sei que todo esse elogio pode estar fazendo esse filme parecer sensacional, mas não é bem assim. Ele é clichê, mas do tipo bem feito, com atores realmente talentosos e feito por pessoas que entendem de comédia. Ele parece ser um daqueles divertidos filmes dos anos 90 que possuem protagonistas totalmente disfuncionais, mas ao mesmo tempo cativantes. O longa acaba caindo nos clichês de família e jornada de redescoberta, mas são temas tão universais que sempre acabam  funcionando, quando bem executados. A inversão de papéis é feita em diversas situações e funciona muito bem, sendo talvez a parte mais inteligente do filme. Entretanto, eu acho que o plot inicial é bem original quando se propõe a contar a história de um sugar baby decadente.

 mais importante para que esse seja um filme divertido é o quanto ele é autoconsciente de suas limitações e de que estilo de comédia encaixa com esse tipo de história. O segundo fator importante são os bons atores, além do bom Eugenio Derbez, temos Salma Hayke e o ator mirim Raphael Alejandro. O mais interessante é que como os três personagens principais são latinos (mexicanos) eles têm diversas conversas longas em espanhol, algo difícil no cinema americano.

Um filme bem divertido que pode ser bom para levantar o astral. Interessante como ele coloca latinos como personagens principais e brinca com diversos estereótipos. Um filme leve que só quer mostrar momentos divertidos e tirar boas gargalhadas. Esses dois roteiristas não possuem muitos trabalhos, na verdade é o primeiro trabalho de Chris Spain. Desses dois é possível que sai mais coisa interessante e divertida como esse filme.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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