A franquia Desejo de Matar começou em 1974 e gerou cinco filmes. Eles eram estrelados pelo ator Charles Bronson e ajudaram (e muito) a construir a persona violenta e durona pela qual ele ficou conhecido através dos personagens que interpretava. A franquia se baseou nos livros de Brian Garfield e agora temos o retorno do conceito do homem comum se tornando um vigilante na pele de Bruce Willis.

 Um médico vive uma vida perfeita. Casou-se com uma mulher bonita, inteligente e simpática, além de ter uma filha que parece ter um futuro brilhante pela frente. Tudo isso desmorona quando ambas são atacadas num assalto que resulta na morte de sua esposa e em sua filha entrando em um estado de coma. Agora Paul Kersey vai deixar de ser um cidadão comum para fazer justiça com as próprias mãos.

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 Desde a década de 70 que a questão da justiça com as próprias mãos deixou de ser um assunto tão inocente quanto é hoje. O debate do cidadão comum agindo contra criminosos no lugar da polícia de tempos em tempos gera muitos debates sobre o problema da violência urbana. Até mesmo os super heróis são abalados por essa problemática e hoje temos mais histórias discutindo o dilema moral do que aventuras dos mesmos. Essa conjuntura torna muito mais delicada a missão de trazer a história de Desejo de Matar para os dias de hoje.

  De certa forma, Joe Carnahan (o roteirista responsável por adaptar o livro para as telas mais uma vez) sabe que são temos menos ingênuos, principalmente quando falamos de assuntos visceralmente reais. Um vigilante urbano parece algo muito mais complicado do que há algumas décadas atrás. Em alguns momentos da trama ele tenta trazer essa reflexão e questionamento, mas nunca aprofunda de fato na questão e claramente escolhe um lado no debate (algo que não é necessariamente errado). Quando o roteiro tende para um dos lados do debate ele é excessivamente descarado e em alguns momentos parece que estamos vendo uma propaganda gigante em prol da venda de armas.

   Se o longa se propusesse a ser uma catarse violenta e despretensiosa seria muito mais fácil aceitar o plot deste filme. Mas a partir do momento em que ele tenta criar algum tipo de debate e reflexão não é possível ficar no meio do caminho. E é exatamente o que acontece aqui. Apesar de termos o diretor Eli Roth no no comando, este não é um filme muito violento para o que se espera dele. A ação é bem mais pé no chão e são poucos os momentos onde algo extremamente gráfico acontece.

 Bruce Willis está fazendo exatamente o que se espera dele neste tipo de filme. Apesar da idade, ele se sai bem em cenas de ação. O diretor sabe que não ficaria crível que ele realizasse proezas físicas incríveis e parte disso pode explicar a escolha de movimentações mais realistas. Também temos a participação Vincent D’Onofrio e Dean Norris (o Hank de Breaking Bad) que são bastante interessantes apesar de não terem grandes momentos. Em nenhum momento o filme realmente empolga ou é criativo em termos de ação ou drama. Acaba sendo mais um remake sem nada de especial e que talvez caia no esquecimento, apesar de poder despertar a curiosidade para que se visite a franquia antiga.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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