Assim como a Disney colocou a Marvel para criar conteúdo com a franquia Star Wars, a Warner também fez algo semelhante ao colocar a DC para reformular os personagens icônicos da Hanna-Barbera. A ideia é trazer novos fãs e resgatar antigos num delicado equilíbrio entre gerar HQ’s nostálgicas, ao mesmo tempo revigoradas para o século XXI. Aqui no Brasil a Panini já lançou o primeiro volume deste projeto que pretende resgatar os personagens ligados à temática de aventura e também criar um universo compartilhado.

Omnikron é um monstro no melhor estilo H.P Lovecraft que está destruindo diversos pontos do universo em diversos períodos temporais diferentes. Agora ele está chegando para nosso presente na Terra e isso acaba reunindo diversos heróis e figuras poderosas para impedir que esta criatura cósmica destrua a realidade.  

Acredito que, para quem era extremamente fã desses heróis da Hanna-Barbera, o quadrinhos será uma verdadeira delícia, mas para quem é um fã novo, ou é muito pouco familiarizado, talvez este primeiro volume seja muito confuso. Esteja preparado para rever muitos personagens aqui, ou talvez conhecer vários. As figuras mais centrais são os integrantes do desenho Jonny Quest e Homem Pássaro. São eles as figuras centrais que movem a trama e conectam diferentes pontos deste novo universo compartilhado. Também são esses dois desenhos que mais mantém suas características clássicas.

As mudanças estão nos personagens dos Impossíveis que ganharam mais uma integrante e vemos uma origem para seus poderes. O problema é que eles são literalmente uma história completamente paralela que nem ao menos é boa. São certamente os mais deslocados e mal escritos deste projeto. Mightor ganha uma nova origem para o presente no melhor estilo Shazam, se sai muito bem e mostra potencial para uma revista solo. Também temos a origem dos Herculóides e participações muito pontuais do Galaxy Trio e do Frankstein Junior.

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Talvez o grande problema destas edições seja justamente essa necessidade de juntar tantos personagens de uma vez só. O roteiro tem cara de “”Crise das Infinitas Terras” e, assim como a famosa saga, possui uma narrativa confusa e desconexa. A partir da edição quatro a história começa a desandar e os personagens vão se acumulando nos quadros enquanto a história segue. O final deste primeiro volume também é extremamente abrupto e não se fecha em si, deixando tudo para ser resolvido para o próximo volume.

Por outro lado é preciso dar os louros para Jeff Parker que em seu roteiro conseguiu manter o tom lúdico dos desenhos ao mesmo tempo em que cria um perigo real e uma aventura realmente empolgante. Sem medo ele coloca dinossauros, alienígenas, e monstros lutando numa cena e mesmo assim nada fica muito absurdo ou ridículo. Os desenhos, ao mesmo tempo, em que são um acerto também são um erro. O traço de Evan Shaner combina muito bem com o tom da história, mas ele não desenha todas as páginas. Do nada temos a mudança de desenhista o que gera uma quebra de identidade visual

Este primeiro volume é uma dádiva para quem possuía esse saudosismo específico e até fornece uma boa diversão para quem nunca teve muita conexão com esse lado de Hanna-Barbera. O projeto precisa entender que não precisa necessariamente ter todos os personagens vinculados numa mesma revista e que alguns deles podem ter seus próprios títulos sem precisar serem meros detalhes no canto de alguns quadros. A DC já lançou outros títulos com outras linhas como Scooby-Doo e Flintstones e logo a Panini os lançará nas bancas. Fique atento ao Tarja para os reviews destes materiais.


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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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