Estamos de volta com o último review sobre Inumanos vs. X-Men. Chegamos ao sexto e último volume da HQ que conta o embate que despertou um certo interesse dos leitores. Interesse nem tanto pela história em si, e sim pelos rumos que esse confronto poderia sugerir sobre o que Marvel pensa hoje em dia desses dois grupos. 


Caso você não tenha acompanhado os volumes anteriores e quer saber mais do confronto, clique nos links abaixo:

Inumanos vs X-Men #01│Review

Inumanos vs X-Men #02│Review

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Inumanos vs X-Men #03│Review

Inumanos vs X-Men #04│Review

Inumanos vs X-Men #05│Review

Agradecemos ao site Mochileiro dos Quadrinhos em parceria com o site Renegados Comics por disponibilizar as scans de Inumanos vs. X-Men.



Peço permissão a você, leitor, para que eu fuja um pouco do padrão que sempre vos escrevo. Sinto-me na necessidade de falar em um tom mais pessoal nessa primeira parte do texto onde geralmente analiso e opino sobre a história do volume em questão. 

Como falado anteriormente, devido aos direitos cinematográficos dos mutantes não pertencerem à produtora de cinema Marvel, a importância e qualidade das histórias dos X-Men vem caindo gradativamente nas páginas dos quadrinhos da Casa das Ideias. E os Inumanos vem proporcionalmente ganhando este espaço, inclusive com projetos televisivos e cinematográficos envolvendo os personagens que existem desde a década de 60, mas que ganharam verdadeira relevância apenas recentemente. Acompanhamos aqui os 6 volumes, e podemos dizer que realmente esta tendência supra-citada fica escancarada ao longo da série. E pior que isso, Inumanos vs. X-Men também mostra o nível de qualidade de roteiro que está marcando negativamente as recentes hq’s da editora: clichês, falta de personalidade, desrespeito à personagens clássico e, o principal, histórias fracas.

Foi duro acompanhar neste sexto volume que todo esse conflito poderia ser evitado. Bem, essa ideia não é diferente de qualquer outro conflito, pois sempre há maneiras de se resolver as coisas sem chegar às vias de fato. Porém ver toda uma trama sendo enredada e depois resolvida com uma mera explicação no campo de batalha, é demais para o meu estômago. Além de fraco como recurso, isto mostra-nos um grande furo de roteiro, já que Medusa e Raio Negro “assassinaram” o fake-Ciclope de Frost para proteger a Névoa Terrígena. Então por que diabos a rainha dos inumanos resolve dentro de um campo de batalha pensar na causa mutante e, sem nenhuma construção dentro de sua narrativa, tomar a justa decisão de por fim à essa mesma névoa terrígena que eles tanto protegiam?


Vamos ao resumo

Cuidado! A partir daqui começam os spoilers de Inumanos v X-Men #4

O sexto e último capítulo da série inicia-se com a continuação do grande confronto que terminou o quinto capítulo. E logo de cara já somos jogados aos pensamentos de Medusa que elucubra o que Destrutor disse a ela: “Não é sobre a terrígena, é sobre Emma. Emma e Scott“. Enfim, a família real inumana chega ao campo de batalha, e já de cara Crystal derruba o “poderoso” Magneto com extrema facilidade. Emma anima os mutantes à lutarem, relembrando que Raio Negro ainda não pode usar a sua voz, e instrui às Cucos para controlarem as mentes de Johnny Storm e outros inumanos para atacarem seus próprio aliados.

Quando indagada por Vampira se o objetivo dos mutantes era resgatar Forge ou matar os Inumanos, Frost responde que o plano sempre foram fazer as duas coisas. E o conflito aumenta. Emma fere gravemente Raio Negro, enquanto Destrutor chega no campo de batalha. Medusa enfrenta Psylocke, apesar de uma luta ganha facilmente, Leitor a adverte que seria melhor os Inumanos se retirarem, pois estavam em grandes desvantagens devido à influência das psíquicas na batalha. Mas Medusa não quer se retirar, e no momento propício chega a ajuda de Ennilux, comandados por Ahura, seu filho.

Apartando o conflito momentaneamente, Ahura explica à Medusa porque interveio tarde ao conflito. Ele achava que seus pais poderiam resolver facilmente a questão, e se enganou. Tudo isto não é sobre os Inumanos, e sim sobre os Mutantes. E Iso explica à Medusa a motivação dos ataque de seus inimigos. Medusa pergunta o porquê deles não terem conversado antes, e Iso responde que eles “Não acreditaram que havia tempo para negociar. Não sabiam que concordaríamos em destruir a Névoa” – que tristeza de explicação. Essa merece a página inteira ilustrada.

Ahura ajudara Forge e Garota Lunar a construir uma nova máquina devoradora de terrígena, então Medusa decide ativar a máquina que devora a Névoa em escala global. A Névoa desaparece junto com o problema dos mutantes que param os ataques. Porém Emma, frustrada com o fim da batalha, revela sua verdadeira intenção egoísta: vingança por Scott, mesmo sendo uma ilusão feita por si mesma. Após ser confrontada por Ororo, Emma invoca seus sentinelas modificados anteriormente por Forge, enquanto ela manipulava sua mente. Os sentinelas destroem a máquina devoradora de terrígena com vários inumanos de Ennilux dentro. Um ataque tão grandioso que ela mesma se pergunta do porquê dela não ter feito aquilo antes – bem que o roteirista poderia responder essa.

Emma domina a mente de Magneto, e começa um estrondoso ataque a todos. Inclusive destruindo Cérebra. Medusa observando a situação, pretende atacar Emma cara a cara. Johnny Storm se oferece para levá-la, mas ela opta por Raio Negro dizendo a seguinte frase: “Nos momentos mais sombrios, precisamos de inspiração“. E as duas se enfrentam.

Johnny surpreende atacando o sentinela onde Emma e Medusa lutavam. Retirando a dominação mental em Erik, e deixando Frost em desvantagem no combate corpo a corpo. Enquanto Tempestade e os outros dão cabo aos últimos sentinelas restantes, Medusa espreme Emma Frost com seus poderosos cabelos. Na sua forma de diamante que impossibilita os poderes psíquicos, Frost começa a sentir a força de Medusa. E a Rainha dos Inumanos está prestes a matá-la.

Porém Destrutor, após impedir que Magneto também se aliasse à Medusa na luta, salva Emma do ataque final da rainha. Frost, surpresa, agradece ao cunhado. Destrutor responde que não estava fazendo aquilo por ela, e sim em nome de Scott. E com um dispositivo tecnológico em punho, desaparece com Emma.

Logo após isso, somos jogados novamente à Ilha Muir onde os mutantes soltam Hank McCoy que ali estivera preso desde o primeiro volume. E para nossa surpresa e decepção, Hank não sabia de nada. Todos aqueles comportamentos suspeitos eram pura ingenuidade dele. E nos é mostrado que Emma Frost ainda vive, agora trajando uma máscara muito parecida com a que Ciclope usava na saga de sua morte – A Morte do X.

Voltamos aos pensamentos de Medusa. Ela reflete sobre o que aconteceu, as consequências desse conflito e sua atitude de destruir toda a terrígena que estava na atmosfera, que era tudo o que restara da névoa sagrada. Apesar deste fardo, ela está certa de que o dom concedido aos inumanos pela terrigênese não supera a vida dos mutantes. E assim nunca mais surgirão novas transformações em inumanos. O peso desta decisão a faz abdicar do trono de Nova Atillan, e Medusa designa Iso como sua sucessora. Entretanto Iso sugere eleições para determinar o governante dos Inumanos.

Após sua retirada do trono, Medusa relembra a loucura de Emma, uma loucura vinda do amor por Scott. Se despede de Johnny Storm e, sem o peso das expectivas de uma governanta sobre seus ombros, vai em busca de seu verdadeiro amor, Raio Negro.

Apesar de algumas páginas interessantes, no geral fica a sensação que permeia as novas histórias em quadrinhos: nada que valha a pena lembrar por muito tempo. Apesar da ideia deste conflito surgir em uma conjectura interessante, a trama mostrou-nos não só a covardia de fazer algo nada impactante, como também uma maior valorização dos personagens inumanos, principalmente da Medusa. Observa-se claramente a intenção futura de explorar a imagem de uma líder feminina e empoderada. Nada contra, aliás muito a favor. Mas construir isso à custa de furos e desvalorização de outros personagens mostra-se um caminho incorreto.

O que Hank McCoy conversava com a Medusa? Isso não foi dito para ela? Ela não desconhecia os efeitos da terrígena aos mutantes, a mutantite, doença mortal aos aos portadores do gene X. A Névoa estava se espalhando pela atmosfera, e o único meio dos mutantes existirem seria num mundo sem terrígena ou que a terrígena fosse destruída. E Hank Mccoy, que descobrira esse rumo trágico da névoa, não contou esta obviedade para seus amigos inumanos, e ninguém mais tentou explicar? É no mínimo bizarro. E dentre várias outras opções mais dignas, esta muleta foi usada para por fim ao conflito de forma que os Inumanos fosse “superiores” do que os ingênuos e simplórios X-Men.

No fim, fica a ideia de que todas as possibilidades levantadas ao longo dos textos poderiam ser melhores que o destino final da trama. Foi deprimente ver McCoy como um ingênuo desesperado, Velho Logan como um fraco amigável e Magneto ser manipulado facilmente por Emma, além de ter sido controlado por um jovem inumano – coisa que nem Xavier conseguia. Tudo isto nos mostra no mínimo a falta do devido respeito a estes clássicos, inteligentes e poderosos mutantes para apenas valorizar outros personagens inumanos que possivelmente terão Hq’s solos mais pra frente. 

É triste destinar esforços para ler esta Hq, redigir reviews acompanhando a trama, e vê-la sendo finalizada deste jeito. Não sei se realmente o padrão das histórias caiu vertiginosamente durante os anos, ou que as hq’s não são mais feitas para pessoas como eu. O que me faz cada vez mais pensar que estou velho para acompanhar hq’s desta estirpe.

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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