Com um título bem chamativo, o thriller O Matadouro dirigido por Darren Lynn Bousman (roteirista de Jogos Mortais 2 e diretor de alguns filmes do gênero) aborda uma história de terror diferente e promissora, mas, com o passar dos minutos, filme decepciona. Para quem pretende assistir ao filme apenas pelo nome – como eu – ou sem saber do que se trata, poderia imaginar que seria algo como O Albergue ou Jogos Mortais, uma carnificina gore e explícita. Mas não se deixe levar pelo nome, pois o que algo como um matadouro é o que menos aparecerá.

A protagonista Julia (Jéssica Lowndes), uma repórter investigativa, que tem sua família assassinada brutalmente em sua própria casa, percebe que a cena do crime desaparece logo assim que a polícia retira os corpos do local. Literalmente desaparece, e é aí que está o mistério. Julia descobre que um certo grupo vem comprando e revendendo cenas de crimes hediondos há anos, removendo completamente o cômodo do crime de seus locais originais para construir algo bizarro.

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A proposta do homem que voltou literalmente do inferno em busca de salvar sua família é bem original, deixando o espectador na expectativa pelos vários caminhos que a trama pode seguir. E a figura bizarra de Dayton Callie (Sons of Anarchy) como Jebediah Crone, aliada com uma cidadezinha abandonada do interior dão esperanças de um filme realmente assustador. Porém, do meio do filme em diante, o roteiro se perde, o filme fica enfadonho, não tem um desenvolvimento satisfatório, além de diálogos cansativos. Tudo que tinha pra ser um ótimo suspense, se transforma em uma coisa totalmente insana e bizarra no terceiro ato do filme, na casa dos fantasmas.. Isso sem falar nas dezenas de perguntas sem resposta que ficam pelo caminho…

Além disso, as opções de design de produção são um pouco confusas. O diretor está, obviamente, tentando fazer referência à filmes noir, mas faz isso com alguns toques incongruentes, como o traje / maquiagem da personagem principal, o carro que ela dirige e o estranho relacionamento com o seu amigo policial (Joe Anderson). Mas todo o resto é moderno. Parece apenas acréscimos de detalhes desnecessários, que não enriquecem a produção. Teria sido melhor ter apenas definido o filme na década de 1970.

Sabemos que as cenas de terror, tão usadas pelos filmes à fora, funcionam muito bem quando algo desconhecido atua, algo que ainda não nos foi apresentado entra em cena pelas sombras, uma mistura de efeitos especiais básicos com a omissão proposital do diretor. Mas em O Matadouro essas cenas não causam impacto, elas não são omitidas, estão lá, com efeitos especiais lamentáveis. Em algumas cenas o espectador não consegue entender o que está acontecendo com tamanha confusão, fumaça e distorção das cenas.

O Matadouro acaba decepcionando fortemente não só pelo nome, e problemas na produção, mas também pelo caminho que segue, pegando atalhos mal acabados para uma resolução aberta e confusa. Deixando muitas dúvidas ao invés de apenas curiosidade

 

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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