Em 2020, Stargirl “acendeu” uma luz no universo das adaptações de quadrinhos. Isso porque todas as séries desse nicho são estreladas por super-heróis adultos ao invés de super-heroínas adolescentes. Essa inovação é apenas um detalhe da série que com apenas 13 episódios em sua primeira temporada obteve um ótimo resultado final em vários aspectos e ainda subverteu expectativas desse tipo de produção.

Na trama, conhecemos a história de Courtney Whitmore (Brec Bassinger), uma estudante que se viu forçada a mudar para uma nova cidade depois que sua mãe, Barbara Whitmore (Amy Smart), se casa novamente. Sua vida muda quando por acidente descobre um cajado cósmico no sótão da nova casa. Essa não é a única surpresa já que ela descobre que seu padrasto, Pat Dugan (Luke Wilson), costumava ser Stripesy (Listrado), o sidekick do herói Starman (Joel McHale).

A primeira e mais importante observação sobre esta nova produção do DC Universe pode ser resumida em uma palavra: objetividade. Diferente de outras séries baseadas em quadrinhos da DC que seguem a fórmula de 22 ou mais episódios, como foi o caso de Arrow, Stargirl não perde tempo com subtramas desnecessárias como romances que ofuscam a trama principal. Pelo contrário, aqui o foco está bem ajustado e segue coerente do início ao fim. Isso é percebido não só no desenvolvimento de cada personagem como também em outros aspectos como coreografia de luta, efeitos especiais e visuais, trilha sonora e atuação. Sobre todo o cuidado que garantiu essa qualidade narrativa, vale citar o nome do roteirista Geoff Johns, roteirista de todos os episódios e criador da personagem em parceria com o desenhista Lee Moder. O mais interessante desta informação é quando descobrimos que se trata de uma homenagem à sua irmã, Courtney Johns, que faleceu em um acidente de avião em 1996 . 

Por isso, não é exagero dizer o roteiro garante que Courtney Whitmore brilhe como a super-heroína do show. Graças ao carisma da atriz Brec Bassinger, facilmente nos vemos conquistados pela personagem e sem perceber já estamos torcendo por ela. O mesmo pode ser dito da nova Sociedade da Justiça da América que aos poucos vai se formando em cada episódio. Para alguns fãs mais exigentes, talvez o pequeno grupo formado por Yolanda Montez/Pantera (Yvette Monreal), Beth Chapel/Doutora Meia-Noite (Anjelika Washington), Rick Tyler/Homem-Hora (Cameron Gellman) não desperte muita atenção. No entanto, tudo é questão de tempo. Cada um deles cresce no momento certo e ainda surpreende com a evolução de seus arcos dramáticos.

Doutora Meia-Noite, Stargirl, Homem-Hora, Pantera e ao fundo Pat Dugan como O F.A.I.X.A

Infelizmente, do lado dos vilões que integram a Sociedade da Injustiça não se pode dizer exatamente o mesmo. Alguns deles como O Jogador (Eric Goins) e A Violinista (Hina X. Khan) são praticamente dispensáveis e esquecíveis enquanto outros como Mestre dos Esportes (Neil Hopkins) e Tigresa (Joy Osmanski) garantem ótimas cenas de luta além de serem carismáticos mesmo com seu jeito sádico e irônico. Quem também se destaca pelo carisma, mas de um jeito totalmente diferente é o Geada (Neil Jackson), um personagem impiedoso em seus atos, mas que é desenvolvido de forma humanizada. Graças a esse importante detalhe fica fácil gostar dele em alguns momentos apesar de todo seu histórico. Rei Dragão (Nelson Lee) e Onda Mental (Christopher James Baker) entram em um perfil mais clássico de vilão perigoso de histórias em quadrinhos, mas sem cair na caricatura desse tipo de personagem. Por último, fica a menção honrosa para Solomon Grundy que rouba a cena nos poucos momentos em que aparece nessa temporada.

Como se isso não fosse o bastante, ainda há algo de muito especial em Stargirl. Em vários episódios conhecemos personagens que gostamos, mas que têm um destino inesperado. Isso surpreende o espectador se consideramos que esse tipo de acontecimento não é tão comum em séries inspiradas em quadrinhos. Prende muito a atenção saber que este ou aquele herói ou vilão pode morrer a qualquer momento. Esse tipo de ousadia no roteiro quebra um pouco o padrão desse tipo de produção ao mesmo tempo que subverte nossas expectativas, o que é ótimo por sinal.

Fica a expectativa para isso não mude na segunda temporada quando a série estiver na CW ano que vem. Com tantos acertos, podemos ter a esperança para que o futuro continuará a ser iluminado para a Stargirl. Sem dúvida, nessa primeira temporada a super-heroína adolescente e seu cajado iluminaram o caminho para que jovens como ela também salvem o mundo na tv.

Assista ao trailer:

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Marcus Alencar

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