Hoje em dia os filmes de terror ganham cada vez mais espaço no mainstream. Isso graças a sucessos recentes de filmes do gênero, como o aclamado A Bruxa e o já consagrado Invocação do Mal. Sucesso esse que vem mudando conceitos de diretores e atores conhecidos em relação a esses filmes que outrora eram vistos como filmes “B”, e A Escuridão é um exemplo desse momento. O longa dirigido pelo relevante Greg McLean (Wolf Creek) conta com o famoso Kevin Bacon no elenco, além de alguns outros atores já conhecidos do grande público como Radha Mitchell (Silent Hill), Lucy Fry (‘Academia de Vampiros: O Beijo das Sombras’ e da série ‘Wolf Creek’) e David Mazouz (‘Gotham’).

Logo no começo de A Escuridão (2016) conhecemos duas famílias que estão passando o que parece ser férias no Grand Canyon, aparentemente todos estão muito felizes e sem problemas. Entretanto tudo muda quando Michael (David Mazouz) o caçula da família, cai em uma caverna e encontra misteriosas pedras e desenhos perturbadores na parede, que abre o portal para deidades indígenas se libertarem de sua clausura dimensional.

Percebemos ao longo do filme que o cotidiano da família em questão já não andava bem: a filha mais velha (Lucy Fry) sofre de bulimia, além de ter um péssimo relacionamento com sua mãe (Radha Mitchell), que por sua vez se encontra depressiva por uma suposta crise no relacionamento com o marido (Kevin Bacon) e as dificuldades de lidar com a situação de seu filho mais novo que é autista. Tudo piora quando entra em cena os acontecimentos sinistros dentro de casa, barulhos bizarros, movimentos nas sombras e comportamento estranho de animais e principalmente de Michael influenciados pelas pedras encontradas.

A Escuridão usa e abusa de clichês recentes do gênero: crise conjugal, filhos rebeldes, curandeiro médium para tentar “curar” a casa e trilhas sonoras embutidas para criar um suspense sempre fora do tom. Mas mesmo dentro desse contexto o filme apresenta alguns elementos não tão comuns, como a criança autista e as marcas de mãos sujas pela casa (mesmo que os espíritos retratados não tenham mãos humanas).

Um outro ponto positivo foi a visão diferente dos espíritos que o diretor quis dar, fugindo do clássico religioso e mostrando uma parte da mitologia nativo-americana. O que parecia promissor a um primeiro momento, mas vai perdendo força conforme a narrativa continua. As cenas que deveriam nos assustar diminuem para dar lugar a diálogos um pouco cansativos e sem muito haver com o problema enfrentado pelos supostos espíritos.

De todo jeito, o longa realmente não coloca o espectador dentro da trama, se dividindo toscamente numa crise familiar em que não criamos vínculo e os sustos baratos dentro de casa. Merece passar despercebido do grande público (como assim o fez).

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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