Em 2000 o filme dos X-men veio ao mundo mostrando que adaptações de HQ’s poderiam ser extremamente rentáveis e ao mesmo tempo ser levado a sério. Super Homem de Richard Donner já havia sido um marco, mas de um tipo diferente. Ele era tratado mais como uma epopeia do que um filme de super herói, enquanto X-Men era sem dúvidas um filme de quadrinhos. Com esse terreno minimamente formado foi possível a realização do filme do Homem Aranha em 2002.

Já se discutia há muito tempo a realização deste longa-metragem, afinal ele era um dos personagens mais relevantes da Marvel. Sondou-se muito a direção de James Cameron, mas o projeto demorou em ser iniciado, então desistiu. Junto a essa ideia de diretor, também se desejava a interpretação de Leonardo DiCaprio  como Peter Paker. Com a saída de Cameron o filme ficou largado por um tempo, mas com o sucesso de X-men o projeto foi desengavetado e dado nas mãos de Sam Rami e com o roteiro de Koepp.

Publicidade

O filme se foca em ser o mais clássico possível. A origem do personagem é absurdamente fiel a obra original sem nenhum medo de soar antiquada. Uma aranha radioativa está livre no meio de um passeio escolar e o roteiro não tenta justificar isso, ou torná-lo realista. Por outro lado ele procura certas facilitações narrativas como fazer Peter produzir a teia de forma orgânica e não ter um disparador.

 O filme é uma história sobre amadurecimento com ares lúdicos e muita gente não entende isso. Uma das críticas que os dois primeiros filmes do Homem Aranha recebem é justamente serem “bobos”, mas o que muitos não percebem é que essa é a ideia. Toda a construção do roteiro e da direção é feita para homenagear o jeito ingênuo e lúdico dos quadrinhos de super herói dos anos 60. Não é a toa que Peter vai competir num torneio de luta livre só por que quer comprar um carro para sair com a vizinha bonita. Não é a toa que Peter desenha, como um adolescente que não presta atenção na aula, seu próprio uniforme.

Acima de tudo ele quer ser, sem medo nenhum, um filme de super herói. Sem uniformes realistas e funcionais ou explicações sociais profundas. Apenas um jovem que perde sua figura paterna por um criminoso que ele poderia ter impedido. Sem conspirações com mega empresas ou passado misterioso de sue verdadeiro pai. Somente um cara com uma roupa colada (o próprio filme faz piada disso) saltando pela cidade como um Tarzan moderno.

Nesta primeira adaptação temos o vilão mais icônico do herói: Duende Verde. Ninguém gosta muito do seu uniforme, mas a atuação de Willem Dafoe é ótima e entrega totalmente o conceito do personagem.  Muitos também reclamam da atuação de Tobey Maguire como Peter, mas foi optado por abordar uma visão mais clássica de Parker, que de fato era menos carismático e não tão engraçado na hora das lutas. Optaram também por Mary Jane, em vez de Gwen Stacy  pois ela acabou sendo a personagem que por mais tempo se estabeleceu nas revistas e mais amada pelos fãs.

O primeiro filme do Homem Aranha é uma das melhores adaptações de quadrinhos de todos os tempos e continuará sendo por muito tempo. Tem tudo que o personagem tem de mais icônico. O drama da morte do tio, o heroísmo a toda prova, o humor leve e ingênuo, o adolescente apaixonado e o vilão maléfico que deseja quebrar o herói em todos os níveis. Simples, bem roteirizado e bem dirigido e, acima de tudo, entende o personagem em sua essência.

 

Publicidade
Share.
Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

Exit mobile version