Quando a Netflix anunciou a parceira com Adam Sandler muita gente torceu o nariz e não conseguiu entender o porquê de tanto crédito para um ator tão questionado por sua qualidade e projetos super-inflacionados. Sua estreia na plataforma foi o péssimo Os 6 Ridículos. Mas desta leva de produções nós tivemos pelo menos um filme interessante: Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe. Agora ele vem com mais uma comédia dramática sobre família com Chris Rock e Steve Buscemi.

A filha de Kenny vai se casar e isto está mexendo com seu psicológico. A semana do casamento se tornou um pesadelo de organização, pois ele se dispôs a organizar todo o evento e reunir as duas famílias na celebração. Se isso já não fosse o suficiente, ele ainda deseja mostrar para a família rica do noivo (especialmente o sogro de sua filha) que ele está equivalente, financeiramente falando, a eles.

O roteiro é assinado pelo próprio Sandler e Robert Smigel, que já trabalhou diversas vezes com o ator em outros projetos e dirige este longa também. Eles apresentam uma trama bem concisa e simples. Uma comédia de erros que gira em torno de um núcleo familiar, parecida com a mesma história de seu último trabalho. Em termos de tom este é bem mais interessante e bem feito do que os filmes que mancharam a carreira de Sandler. Não estamos falando de um longa genial, mas com bons momentos e capaz de tirar boas risadas.

A base cômica deste filme é o constrangimento. Aquelas situações que te fazem sentir vergonha alheia e se contorcer enquanto o caos ocorre na tela. Muita gente ama esse estilo de comédia, enquanto outros não conseguem suportar, pois a vergonha alheia pode ser realmente desagradável. Para quem aprecia este tipo de humor, Lá Vem os Pais vai proporcionar boas risadas, pois o roteiro tem ótimas sacadas e situações originais para criar situações constrangedoras. O problema deste filme é que ele é muito longo. Quase duas horas e muitas cenas e situações estendidas realmente poderiam ser eliminadas. O próprio final se alonga e o roteiro perde diversas oportunidades de finalizar no auge.

Sandler está naquele típico papel de pai de família cansado, mas que ama sua família. Ele realmente se esforça em seu papel e tem bons momentos, já que esta é uma história que ele mesmo escreveu e deseja contar. Chris Rock também faz o mesmo personagem de sempre, o que não é ruim, mas ele demora muito para chegar ao centro da trama. Existe pouca interação verdadeira entre estes dois personagens, algo que supostamente deveria ser o tema do filme. Às vezes o roteiro se perde em subtramas e núcleos de personagens que tem seus momentos engraçados, mas por vezes só fazem inchar o filme de forma desnecessária.

Para quem gosta muito de comédia, é um filme bem interessante. Se você busca ver boa parte dos filmes deste gênero, talvez valha o seu tempo. Entretanto não é uma história marcante, no máximo um momento ou outro. Mas muitas produções da Netflix tem essa característica descartável e os filmes de Sandler também. Apesar de não ser ruim, ele perde muito comparado a outras comédias. Tanto em filmes quanto em séries que temos hoje em dia.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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