Pode-se dizer que os Nerds criam uma relação quase que simbiôntica com tudo aquilo que lhes agrada (nada de midi chlorians aqui, por favor!), sejam livros, filmes, músicas, quadrinhos, whatever, e, é claro, video games. Pensar nessa relação mágica que há entre Nerds e vídeo-games é algo que sempre nos remete a boas memórias de infância: assoprar as fitas pra que elas voltassem a funcionar após uma pane momentânea (e não é que sempre funcionava!); os desafios entre amigos/primos ao jogar Street Fighter II, Mortal Kombat, jogos esportivos, etc; as eternas desculpas esfarrapadas de quem perdia o desafio (“eu tava com o pior controle”, “jogo melhor com personagem Fulano”); a perseverança e cooperação pra passar de uma fase/boss impossível… Embalados por essa onda, o Tarja Nerd resolveu dar uma conferida no Museu Itinerante do Video Game, no Shopping Nova América, em Del Castilho, no Rio de Janeiro, uma exposição que conta com um acervo magnífico de consoles novos e antigos e, mais do que isso, promove um emocionante encontro de gerações de gamers.

Acredite se quiser, mas a ideia de criar um museu do vídeo-game nasceu de uma briga conjugal, conforme nos relatou Cláudio Lima, um dos organizadores do evento. O irmão dele, Cleidson, possuía já um vasto acervo de consoles e fitas de jogos, até que a esposa dele, cansada daquele monte de tralhas, lançou o ultimato: “ou você dá uma utilidade a essa bugiganga toda ou vai tudo para o lixo”. Daí, os irmãos sul-matogrossenses de Campo Grande, Cleidson e Claudio (não é dupla sertaneja!), decidiram atuar em modo co-op, e, utilizando a xp já adquirida em gestão e promoção de eventos, criaram o museu em memória aos vídeo-games, uma iniciativa única em termos de Brasil, e que conta com um prêmio do Ministério da Cultura como museu mais criativo do país.

O deslocamento ao local da exposição é um aspecto que se encontra em modo Very Easy, já que a estação do metrô de Del Castilho é anexa ao shopping, dando grande acessibilidade a quem quiser conferir. Além disso, a exposição é grátis, portanto não terá de se preocupar com gold.

O evento se desenvolve em duas fases (bem apropriado). A primeira é de observação, onde você pode ver expostos os consoles antigos e novos, cada um contendo uma ficha descritiva com o nome do console, ano de lançamento e breves considerações. A segunda parte, e essa é realmente a parte mais atrativa, é onde você pode JOGAR alguns dos consoles novos e antigos elencados na exposição. É isso mesmo, caro Nerd: você pode ter a oportunidade de jogar lendas como Atari 2600, NES, Sega Genesys, etc em pleno ano de 2017!!

Em se tratando do acervo em exposição, é de admirar a integridade e variabilidade dos consoles ali presentes. Os organizadores do evento contam com uma equipe encarregada de comprar ou receber doações de consoles e fitas, e, dependendo do estado em que se encontram tais artigos, eles são encaminhadas pra uma equipe técnica a fim de que possam ser reabilitadas.

“Yes… He is ALIVE!!”.

O console mais antigo que se encontrava na exposição era o Odyssey, de 1972, cujos jogos não possuíam nomes (era Game 1, Game 2, etc), e eram basicamente variações do Pong: duas hastes em extremidades opostas que rebatiam um único pixel que servia de “bola”. O curioso era que, devido aos ínfimos recursos gráficos da época, os jogos vinham com uma tela de plástico que era colada aos televisores, portanto se você quisesse jogar tênis, você colaria no seu monitor uma tela de plástico que continha o desenho de uma quadra de tênis, e os pixeis brilhantes oscilavam de um lado pra outro ao fundo.

Ver um Xbox ou um PS 3 dividindo espaço numa mesma mostra com lendas como Super Nintendo, Atari 2600, Turbografx e outros era como testemunhar, ao vivo, um encontro do BB-8 com C-3PO e R2-D2: um encontro de gerações, tanto de games quanto de pessoas. Era tocante ver crianças e adolescentes em companhia de seus pais ou parentes mais velhos conversando sobre aqueles lendas que fizeram, e fazem ainda, parte significativa de suas vidas.

Não é necessário um parágrafo muito longo sobre esse encontro de gerações, bastando um exemplo para dar uma idéia do que testemunhamos lá. Um senhor de óculos e cabelos grisalhos se aproximou do console do Atari 2600 que estava disponível para jogar, empunhou o joystick e clicou o Start. O nome do jogo? Nada menos que River Raid! Depois de alguns longos minutos guiando um caça pixelado para bombardear de pixels os helicópteros, porta-aviões e bloqueios à frente, o senhor de cabelos grisalhos passou o lugar para o próximo da fila, depois de ter provado a todos que suas skills no jogo estavam bem afiadas ainda. O próximo da fila, um garoto que não devia ter mais do que 13 anos, repetiu o ritual do velho, e começou a jogar River Raid com a mesmíssima naturalidade que o gamer que lhe precedeu! Era como se houvesse uma fenda espaço-temporal ali, ou que fôssemos ver a qualquer momento o Marty McFly estacionar o De Lorean e aparecer no evento.

Se você quiser curtir bem a segunda parte do evento, a saber, a de jogar os consoles disponíveis, é bom ir cedo, porque é a parte mais disputada. Nessa hora, a mobilidade pelos corredores é bem complicada, um problema que merecia a atenção da equipe de logística do shopping e dos organizadores do evento. Imagina o estrago se algum destrambelhado tomba alguma coluna de consoles da mostra…

Anyway, o visitante podia jogar consoles como Super Nintendo (Internaaaational … Super Staaaaar Soccer!!  *PRESS START*  “YEEEEEAH!!”); o já mencionado River Raid no Atari 2600; Nintendinho (Super Contra, Street Fighter II e Super Mario World); Sega Genesys (Sonic: The Hedgehog), e, pasmem, tinha até um console funcional do Intellivision! Os que mais recebiam jogadores eram os do Super Mario World, do Sonic, Street Fighter II, dois que eram operados por joysticks gigantes de NES e SNES (que exigia duas pessoas pra jogar), e, por fim, o que tinha os óculos de Realidade Virtual, cuja fila pra jogá-lo não tinha nada de virtual, por isso não chegamos a conferir…

A exposição, que se encontra no Rio de Janeiro até 29/01/2017, seguirá para outras cidades do país, e é uma ótima pedida pra um programa em família, justamente por promover esse encontro singular de gerações, assim como também é bom para curtir com os amigos e relembrar velhas skills.

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