12 espaçonaves chegam a Terra causando caos entre as nações e também nas comunidades devido ao simples fato da existência de vida fora da Terra se mostrar real. Mesmo que os visitantes de outro planeta não se mostrem ameaçadores, os exércitos de diferentes países fazem seus respectivos cercos contra as naves enquanto a linguista Louise é convocada para tentar estabelecer contato com os extraterrenos, tentando decifrar o porquê da chegada deles e seus objetivos em nosso planeta.

Dirigido por Denis Villeneuve (conhecido por Homem Duplicado e Sicario) e protagonizado por Amy Adams (como Louise), Jeremy Renner (como Ian) e Forest Whitaker (como Coronel Weber). Estamos falando aqui de um longa de ficção cientifica de alto gabarito. O roteiro se centra em uma questão tão básica que as vezes esquecemos de sua profunda presença em nossas vidas: a linguagem.

Como nos comunicamos? Qual a importância da comunicação? Como ela muda nossas vidas? Um tema que não necessariamente precisa de um pano de fundo de ficção cientifica para ser abordado, mas como toda boa obra do gênero, A Chegada trata de temas mundanos e acessíveis para gerar conexão. Ir para o espaço e falar de outros mundos e seres sempre foi um mecanismo da ficção científica para falar dos nossos problemas terrenos. A Chegada faz uso deste conceito clássico de forma brilhante, com ideias suficientemente complexas para prender a sua atenção, porém simples o bastante para não gerar um distanciamento; utilizando explicações sucintas e eficientes da trama para te manter preso à história.

A Chegada não possui cenas de ação ou diálogos exaltados para chamar ou prender a atenção do espectador, mas ainda assim consegue promover esse objetivo com o seu dinamismo. A trama é tão intrigante, e a aura de mistério tão intensa, que você fica grudado na cadeira até o fim. Outro fato interessante é o da produção trabalhar com poucos personagens, deixando o filme com uma sensação de conto de Asimov, onde as histórias são sobre eventos e não personagens. Entretanto a atuação de Amy é muito boa, fazendo você se conectar com Louise mesmo que, a rigor, a  personagem não seja super profunda.

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O que coroa o filme é seu final. Como a maioria das obras de mistério, o desfecho da trama tem uma grande expectativa de criar uma resolução à altura do mistério apresentado. A Chegada consegue entregar um final digno que pode fazer você levar a mão na testa e pensar “Meu deus! Não acredito”. O melhor de tudo é que esta resolução, que fecha a trama, é plantada o tempo todo, sem o odiado deus ex machina.

Palmas para os roteiristas Ted Chiang e Eric Heisserer que conseguiram trazer ideias novas para um tema supostamente batido como “Invasão Alienígena”. A cereja no bolo é a mensagem final. Não digo que o filme tem uma mensagem moralista, ou algo do tipo, e sim uma mensagem como obra de arte que tenta se comunicar e ter significado (no sentido amplo da palavra). É o exemplo simples de arte retratando o seu tempo e tentando entender, nem que seja um pouquinho, a própria humanidade.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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