Daphne Du Maurier é uma escritora britânica que cruzou o século XX fazendo um enorme sucesso com romances que se misturam mistério. No fim de sua carreira ela explorou outros gêneros incomuns para a época como a ficção cientifica. Uma de suas obras mais famosas é “Pássaros” que foi adaptada para o cinema por Alfred Hitchcock. O romance “My Cousin Rachel” é uma de suas obras de 1951, já no período de transição de estilos. A obra foi adaptada, e dirigida, por Roger Michell que também dirigiu o clássico dos anos noventa “Um Lugar Chamado Notting Hiil”.  Esse mesmo livro foi adaptado em 1952 e também já ganhou séries de TV nos anos 80. 

Philip (interpretado por Sam Caflin) foi criado por seu primo mais velho e o adorava como um pai. Quando volta de seu período na faculdade descobre que Ambrosio, seu primo está extremamente doente e vai para a Itália na tentativa de se curar. Lá ele recebe noticias de que Ambrosio vai se casar com uma mulher desconhecida. Gradativamente as cartas parecem tomar um tom cada vez mais urgente e Philip vai atrás dele para descobrir o que está acontecendo com Ambrosio, mas quando chega lá ele já está morto. Assim começa a sua fixação por Rachel (interpretada por Rachel Weisz) a já viúva de seu primo.

Não estranhe essa longa sinopse. Ela não possui informações que estragam surpresas do filme. Tudo isso ocorre nos primeiros minutos. Na verdade algumas outras sinopses falam até mais da trama, então aconselho que caso você já esteja a fim de ver esse filme não procure mais sinopses sobre ele, pois elas possivelmente te contaram mais coisas.

Aliás tudo isso já ocorre nos primeiros minutos o filme já esbarrando num dos maiores problemas deste longa. Sua primeira metade é muito rápida. Isso gera uma série de dificuldades como a de se apagar aos personagens e até entender alguns detalhes da trama. Tudo é tão corrido que não sentimos o peso da história e de seus acontecimentos. Isso é péssimo para um roteiro que se baseia muito em suspense. Para criar o sentimento de perigo a espreita, que é fundamental para essa trama, é preciso ir um pouco mais devagar. Sem falar que essa é uma história que se passa  numa época sem telefones, luz elétrica e outros aparelhos tecnológicos. Uma narrativa extremamente corrida nem combina com o ambiente idílico onde tudo se passa.

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Falando no ambiente é preciso dizer que Roger Michell consegue tirar verdadeiras pinturas em algumas cenas. O que ajuda muito é suas locações italianas que geram momentos muito lindos. Mas até em situações passadas em locais fechados geram tomadas muito bonitas. Seu visual é incrível, enquanto seu ritmo só fica realmente bom na segunda metade do filme. Quando essa segunda metade chega o filme só vai melhorando e se tornado mais interessante, até chegar num final verdadeiramente marcante. A primeira metade se atém a ser um romance, que tinha enorme possibilidade de ser interessante, mas pelo ritmo corrido é difícil se apegar a relação dos dois protagonistas.

Os dois atores principais estão muito bem. Sam Caflin e Rachel Weisz possuem dois papeis complexos, mas dão vida a eles de forma muito intensa. A trama em si é naturalmente interessante e é difícil não ficar atento a ela, mesmo com um inicio conturbado. Mas não deixe esses problemas te fazerem deixar de ver. A trama é realmente interessante e gera conflitos instigantes que vão prender sua atenção até o final.  Uma peça interessante do cinema inglês deste ano que merece ser assistida.

[authorbox authorid=”5″ title=”Crítico deste filme”]

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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