Para os fãs de animações japonesas, o Studio Ghibli é uma verdadeira referência assim como um de seus cofundadores, o diretor Hayao Miyazaki, que deixou a aposentadoria de lado e voltou à ativa de maneira triunfal com O Menino e A Garça (Kimitachi wa Dō Ikiru ka). O longa repleto de subjetividade se tornou um dos favoritos ao Oscar de Melhor Animação em 2024 após receber diversos prêmios, inclusive o Globo de Ouro.

A trama escrita e dirigida por Miyazaki nos leva para o Japão de 1943, em plena Segunda Guerra Mundial. Após perder a mãe em um bombardeio, Mahito muda-se com seu pai e sua nova madrasta para uma casa de campo. Lá, o garoto passa a ser perseguido por uma garça falante que lhe faz uma revelação sobre sua mãe. Quando a madrasta de Mahito desaparece, o menino precisa ir para um mundo habitado por espíritos e criaturas fantásticas, tendo como guia a misteriosa garça.

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Independentemente de você ser ou não um fã do Studio Ghibli, a primeira coisa que chama a atenção em O Menino e A Garça sem dúvidas é a beleza da animação. Os traços dos desenhos, a textura e a paleta de cores são características bem marcantes do estúdio e de Miyazaki, o qual sabe combinar os elementos para desenvolver cenários grandiosos e surreais. Por isso, não é surpresa alguma que o filme esteja concorrendo à estatueta de Melhor Animação do Oscar, podendo superar até mesmo Homem-Aranha Através do Aranhaverso nesse quesito.

O próprio Hayao Miyazaki admitiu que o roteiro tem elementos autobiográficos que remetem a acontecimentos desde sua infância até a vida adulta, passando por experiências pessoais e chegando à sua carreira profissional. Quem já acompanha os trabalhos do diretor poderá reconhecer diversas referências a outras obras de sua autoria bem como pontos em comum entre elas. Além disso, existem similaridades com o clássico Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

Quem não tem essa bagagem prévia a respeito do cineasta japonês também pode apreciar a produção, contudo de maneira bem mais subjetiva, criando suas próprias interpretações sobre o que está em cena. A tradução do título original é uma pergunta que dá uma pista valiosa sobre o que a trama quer abordar: Como você vive? Essa questão traduz perfeitamente a trajetória de Mahito e as escolhas que ele faz ao longo do caminho para superar o luto, de modo que não vemos a jornada de um herói, mas sim a de um menino de 12 anos que está conhecendo a si mesmo.

É certo que esse tom intimista e metafórico acerca da vida e da morte não irá agradar ou prender a atenção de todos, visto que a fronteira entre o real e o imaginário é muito tênue. A conclusão do longa também contribui um pouco para isso por encerrar de forma abrupta. Contudo, vale lembrar que estamos vendo a perspectiva de uma criança que passou por um enorme trauma durante a guerra e teve sua vida transformada.

O Menino e A Garça é uma experiência única em todos os sentidos, pois cada um irá compreendê-lo e senti-lo de maneira bem particular. Seja pela qualidade da animação ou pelo simbolismo da história, o fato é que Hayao Miyazaki retornou para deixar essa obra como parte significativa do seu legado.

Assista ao trailer de O Menino e A Garça:

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O Menino e A Garça (2023)

8.0 Muito bom!
  • Nota 8
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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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