Tijolômetro – O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim (2024)

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O Senhor dos Anéis é um marco consagrado da cultura pop. Desde os livros até a trilogia de Peter Jackson nas telonas, a obra de Tolkien ainda é referência quando o assunto é fantasia. Isso serviu de incentivo para diversas outras produções ambientadas na Terra Média como a trilogia O Hobbit, jogos variados e a série do Prime Video, Os Anéis de Poder. Agora, a New Line e a Warner lançam o filme animado A Guerra dos Rohirrim que, apesar de se encaixar bem no estilo oriental dos animes, agrega pouca coisa à franquia.

O longa dirigido por Kenji Kamiyama narra o episódio que aconteceu 183 anos antes da jornada de Frodo e seus aliados e deu origem ao Abismo de Helm, local que serviu como cenário da principal batalha vista em As Duas Torres (2002). O rei de Rohan, Helm Hammerhand, está em guerra contra Lord Wulf, o qual deseja vingar a morte do pai. Diante de um inimigo poderoso e determinado, a liderança da resistência do reino recai nos ombros de Hera, filha de Helm.

A primeira coisa a ser dita é que essa história nunca fui contada. O rei Helm é mencionado somente nos apêndices dos livros, porém sem entrar em muitos detalhes. De acordo com os escritos de Tolkien, Hammerhand teve uma filha, mas seu nome sequer é citado. A Guerra dos Rohirrim busca reconstituir o que de fato aconteceu, dando uma identidade e relevância para essa personagem.

Assim, descobrimos que Hera e Wulf conviveram durante a infância, contudo essa relação não é aprofundada. Por um lado, isso é positivo, já que elimina qualquer insinuação de romance que poderia existir entre os dois antagonistas. Por outro, a falta de desenvolvimento nesse aspecto torna a motivação do vilão superficial e sem grande impacto.

Falando nisso, felizmente romance é algo que não passa pela cabeça da protagonista. A jovem, descrita como arisca, mostra desde cedo sua independência e o espírito aventureiro. E mesmo mostrando habilidades variadas, ela acaba sendo subestimada e deixada em segundo plano pelo pai quando o assunto é governar e lutar.

Esse destaque voltado para Hera acaba tirando a atenção para os feitos de seu pai durante boa parte da projeção. Nos poucos momentos em que Helm Hammerhand se sobressai, fica nítido que o personagem tem muito a mostrar, entretanto ele não recebe essa dedicação do roteiro por tempo suficiente.

Isso não teria tanta importância se as demais figuras presentes em A Guerra dos Rohirrim conquistassem o carinho dos espectadores. O problema é justamente a falta carisma em todos eles, fazendo com que não nos importemos com o que lhes acontece. O resultado é a sensação de que estamos assistindo à uma trama genérica que só faz parte do universo de O Senhor dos Anéis devido às referências a nomes e cenários e algum fan service incluído para tentar agradar.

Como nem tudo são defeitos, a qualidade da animação está muito boa e a estética oriental dos animes casa bem com a temática da fantasia. Ainda assim, o diretor optou por não utilizar muitas cenas de violência ou brutalidade, tirando parte da ferocidade das batalhas.

Apesar de esteticamente bonito e nostálgico graças a algumas ligações com a trama principal, O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim é uma produção sem impacto dentro da vasta mitologia criada por Tolkien. Ao final das 2h14min de duração, a sensação que fica é a de que não vimos nada que outra animação do mesmo gênero já não tenha feito antes e de forma melhor.

Assista ao trailer:

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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