O tempo para as alianças passou e agora é a hora d’A Dança dos Mortos. Depois de sermos apresentados às Crônicas da Aurora em A Face dos Deuses, Gleyzer Wendrew continua nos guiando – através de um rastro de sangue, vale dizer – pelo continente de Dünya e pelas constantes batalhas em busca de poder, vingança e sobrevivência.
Após os acontecimentos do primeiro volume, cada um dos três países vê-se obrigado a lidar com seus próprios conflitos. Em Maäem, uma guerra civil está na iminência de estourar. Em Venn, um torneio para escolher o novo general do exército está ocorrendo, porém uma ameaça desconhecida pode atrapalhar a competição. Já em Vatra uma revolta promete remodelar a estrutura da sociedade. Em meio ao Caos, a morte não faz distinção entre os indivíduos e qualquer um pode ser o próximo a tombar.
Em A Face, Gleyzer preparou o terreno para o que viria a seguir, focando mais na contextualização e nas conspirações do que na ação em si. Isso deu a motivação da trama de A Dança dos Mortos, de modo que os confrontos não são simplesmente violência gratuita. A narrativa é realista e visceral, mostrando toda a brutalidade dos combates, sem pudor. O prazer que alguns personagens sentem ao matar independe do seu país de origem, ou seja, em qualquer lugar há um sanguinário, não só entre os adoradores do deus do ódio, Fayaär. E além do tormento físico, há o psicológico, resultado de toda essa bestialidade. Esta combinação é a receita para uma dark fantasy bem escrita e estruturada.
Em meio às lutas, novos elementos são introduzidos. O principal deles é o renegado Azrael, líder da tribo dos Leões da Lua, cuja presença surpreende e traz novas informações. Finalmente começamos a ter uma ideia do que foi a Aurora e o que ela representa para o enredo. Também descobrimos mais detalhes da Longa Guerra de 20 anos atrás pois, ao final da maioria dos capítulos, o relato de alguns dos guerreiros que participaram da batalha nos revela partes do que aconteceu naquela época.
Já alguns dos personagens conhecidos anteriormente passam por uma grande evolução. Um deles, em particular, deixa de nutrir a antipatia nos leitores para gerar admiração, graças a uma faceta desconhecida até o momento. Isso tem a ver com a grande revelação do livro, que mostra a sagacidade do autor ao conceber a saga e sua habilidade ao não deixar pontas soltas para trás e despertar a curiosidade para o volume seguinte.
Se você não tem estômago para cenas fortes, certamente vai ficar angustiado ao ler A Dança dos Mortos. Mas para os amantes da fantasia sombria, esse livro apresenta o melhor que este gênero pode oferecer. Caso As Crônicas da Aurora mantenham essa ousadia e coragem para arrebatar os leitores, irá se tornar uma das melhores sagas da Literatura Fantástica Nacional.
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Leia a resenha de A Face dos Deuses (As Crônicas da Aurora: livro 1)
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