Alguns de nós precisam chegar ao fundo do poço. Outros chegam a um ponto em que o estilo de vida, os efeitos cumulativos sobre si mesmos e sobre outras pessoas ficam pesados demais para suportar. Ainda assim, alguns experimentam um momento de clareza. Um breve e vivido lampejo de seu futuro, do destino terrível que os espera se não houver mudanças. (Tony Stark, o Homem de Ferro, em “Guerra Civil”, de Stuart Moore)

Comentar uma adaptação para livro de uma grande obra dos quadrinhos é como um desafio. Prova disso são as comparações inevitáveis com o material original que na época de sua publicação mexeu com os alicerces da Marvel Comics, uma das maiores editoras de quadrinhos do mundo. Coube ao escritor Stuart Moore adaptar o belo trabalho de Mark Millar e Steve Mcniven para as 398 páginas do livro Guerra Civil. Tudo começa quando um grupo de jovens heróis conhecidos como “Novos Guerreiros” participa de  um reality show que termina em tragédia, matando centenas de pessoas em Stamford. Por conta disso, o governo americano exige que todos os super-heróis revelem sua identidade e registrem seus poderes. Para Tony Stark – o Homem de Ferro – é um passo lamentável, porém necessário, o que o leva a apoiar a lei. Para o Capitão América, é uma intolerável agressão à liberdade cívica.
 
Acredito que um dos méritos do livro é aprofundar os sentimentos e ideias dos personagens. Temos alguns destaques óbvios como é o caso da dupla de protagonistas, Capitão América e Homem de Ferro, e outros que conseguem “roubar a cena” com suas intervenções. É o caso do Homem-Aranha e da Mulher Invisível. Mesmo não tendo o devido destaque, esses personagens são exemplos do impacto do ato de registro na vida pessoal dos super-heróis. Infelizmente, no caso do primeiro, não se mostrou a gravidade de suas decisões durante a história. Evitando ao máximo estragar qualquer surpresa, o que mais faltou foi mostrar certos momentos de seu cotidiano após uma mudança importantíssima para o desenvolvimento do final.
 
Mais uma vez, devo dizer que é um desafio evitar comparações. Durante a publicação de uma grande saga dos quadrinhos, as editoras optam por publicar a minissérie principal e várias revistas mensais interligadas com o grande evento. No livro, é preciso fazer escolhas sobre o que é realmente importante deixar de fora ou não. No caso especifico do parágrafo anterior, foi realmente um grande erro. No entanto, isso não desmerece de forma alguma a narrativa dinâmica e muito prazerosa da publicação como um todo. Outro detalhe é a descrição das cenas de ação capazes de possibilitar ótimos momentos de imersão na história.
 
De certo modo, considero justo chamar este trabalho de homenagem ao invés de apenas mais uma adaptação de quadrinhos. Não faltam grandes momentos de ação e nem mesmo o debate filosófico e politico fica de fora, o que por si só garante um ponto extra na avaliação de qualquer leitor de quadrinhos.
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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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