O fã de Star Wars mais velho anda passando por um mar de emoções nos últimos anos. Sonhava em ver mais filmes de sua amada saga e quando eles finalmente chegaram, houve certo ar de decepção. Também sempre houve a vontade de ver o que aconteceu com Luke. Leia e Han após a destruição da segunda Estrela da Morte. O que foi intitulado como “universo expandido” explorava justamente esse lado da cronologia que nunca havia sido usado em filmes até a compra da Disney. Por anos, os fãs se alimentaram destes materiais que existiam em quadrinhos e livros. Após a franquia cair nas graças da Disney, quase tudo que havia sido produzido neste “universo expandido” se tornou Legends, ou seja, não canônico. O selo Legends engloba diversas obras diferentes que, em sua maioria, estão sendo substituídas por novas histórias sob a tutela da Disney. Mas essas aventuras não canônicas já conquistaram o coração de muitos fãs e algumas até ganharam o status de clássicos.

 Após os eventos de Uma Nova Esperança, a Rebelião está em busca de um novo planeta para fundar uma nova base, porém eles estão sendo caçados pelo Império. De um lado, os conflitos internos dos Rebeldes que possuem diferentes ideias e planos para acabar com a tirania da galáxia. Do outro, o implacável Darth Vader, que deseja descobrir quem foi o maldito piloto que destruiu a melhor arma do Império.

 O encadernado A Sombra de Yavin enche os olhos de qualquer fã. Um compilado de vinte edições com quatrocentas e oitenta páginas em capa dura. A Panini vem lançando diversos quadrinhos de Star Wars, mas este é o maior até agora e, talvez, com o acabamento mais luxuoso. Entretanto, a qualidade da história em si não compensa tanto. Nesta edição, temos um grande arco envolvendo os Rebeldes e uma pequena aventura nas últimas edições. Mesmo que estas aventuras não sejam mais canônicas, elas poderiam ter boas ideias e empolgar, mas não é o que acontece.

 O roteiro das vinte edições é assinado por Brian Wood, que tem uma enorme dificuldade em ir direto ao ponto. Seu plot básico é interessante: Rebeldes em busca de uma nova base sendo caçados. Após ver o filme Os últimos Jedis, isso não parece ser uma ideia original, mas é importante lembrar que este quadrinho foi originalmente publicado entre 2013 e 2014. O problema é que este conflito se arrasta de forma demasiada e, justamente por causa disso, o drama da história se perde no meio de diversas batalhas. É como um filme de ação que tem tantas explosões que, no final, já não nos importamos com a vigésima ponte caindo ou prédio implodindo.

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 Os subplots também têm seu valor, mas parecem que nunca se concretizam efetivamente. Coisas como o esquadrão secreto criado por Leia, o casamento político e a missão secundária de Han. De todas essas histórias, a única que segura a atenção é o núcleo de Vader e seus objetivos pessoais. Talvez o pior seja o fato de que, no fim, temos a sensação de que nada se alterou, justamente porque não pôde haver grandes mudanças para não prejudicar a lógica dos eventos do filme O Império Contra Ataca. Por outro lado, a personagem de Leia ganha um grande enfoque e acaba sendo a grande protagonista. Uma ótima representação do lado guerreiro e líder dela para com a rebelião.

Existem cinco desenhistas diferentes ao longo destas vinte edições e, curiosamente, todos eles possuem os mesmos defeitos e qualidades. Todos os rostos são muito estranhos, pois ao mesmo tempo em que tentam emular as faces dos atores, acaba ficando muito caricato. Existem, também, algumas tentativas de emular expressões no capacete de Vader e dos soldados. Temos até um C3PO levemente musculoso. As caras do Luke, por exemplo, estão especialmente ruins. Por outro lado, todas as naves e locações são muito bem definidas, algo que é fundamental em qualquer quadrinho de Star Wars e muito bem utilizado visualmente ao longo das histórias.

No fim, temos um material que não diz muito e acabou sendo bem substituído pelas novas levas de quadrinhos canônicos. A atual revista de Star Wars também trabalha com eventos após Uma Nova Esperança e é superior em todos os níveis. Entretanto, A Sombra de Yavin pode ser uma boa pedida para o fã mais apaixonado que precisa estar consumindo este universo de forma constante e já leu o que há de melhor no universo expandido.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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