Bryan Cranston explodiu para o mundo graças à série Breaking Bad, mas muito antes disso ele já marcava presença em diversas séries de comédia, uma delas foi Seinfeld (que falamos aqui) onde ele interpretou o famoso dentista recém judeu. O arquétipo “Bad Guy” é recente em sua carreira e com o filme “Tinha que ser ele?” vemos uma mistura de seus antigos papeis de comédia com essa nova persona rígida que surgiu com a aclamada série da AMC.

Sinopse: Ned (Bryan Cranston) é o típico médio empresário americano que surgiu do nada e se orgulha de sua família e negócios construídos com seu suor. No dia de seu aniversario descobre que sua filha, que está na faculdade, namora com um homem estranho (James Franco) que os chama para passar o Natal na Florida. A revelação é que este namorado é um mega milionário do ramo da internet e possui uma personalidade extremamente intensa.

O humor deste filme se baseia em dois conceitos básicos: o choque de gerações entre o novo, moderno e despojado contra o tradicional, velha guarda e comum. Nisso ele é muito bem sucedido e faz ótimas brincadeiras. Cranston faz esse personagem “pai clássico” em constante contato com o personagem de James Franco, que lá no fundo interpreta ele mesmo. O filme se baseia muito entre eles dois e os choques de personalidades dessas duas figuras. Ambos estão ótimos e conseguem bons momentos cômicos.

O segundo conceito que o filme trabalha é o clássico humor de constrangimento. O roteiro gera diversas situações que colocam os personagens em puro constrangimento, o que é bem comum em filmes deste gênero. Nisso ele também é bem sucedido apesar de forçar algumas situações. A direção está por conta de John Hamburg que tem experiência em filmes de comédia como “Eu te amo, cara” (que foi citado aqui), “Entrando numa fria” e “Quero ficar com Polly”. Mas também tem suas falhas, como estar creditado no roteiro de “Zoolander 2″, que foi tido como um dos piores filmes de comédia do ano passado. O roteiro de “Tinha que ser ele?” tem sua mão, mas também de John Hill e Ian Helfer.

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A tecnologia é um elemento importante na trama e consegue abordar bem esse tema de forma engraçada, principalmente fazendo piada com alguns exageros da modernidade e da vida dos milionários excêntricos. Como toda comédia o mais importante são as relações entre os personagens e como isso gera comédia, essa é a grande vitória de “Tinha que ser ele?”, pois às vezes o roteiro claramente não é dos melhores, mas os atores são tão bons que passam por cima disso. Somente um ator está fora do ritmo comparado aos outros, que é Keegan (Michael Key), fazendo um estrangeiro de sotaque estranho que está totalmente deslocado do resto do filme.

Como o personagem de James Franco é rico, o roteiro utiliza esse dinheiro infinito para tirar da cartola situações absurdas, que deixam a trama com um ar de “Riquinho Rico”, mas o contraste entre o velho e o novo sustenta a graça a maior parte do tempo. O filme também faz diversas piadas com séries de TV atuais e algumas outras coisas contemporâneas, o que pode fazer o filme perder parte de sua graça daqui alguns anos, mas por enquanto as piadas funcionam.

Um filme agradável para ver com os amigos, apesar de sua temática acabar sendo sobre família no Natal (sim esse filme acaba sendo mais um desses filmes de Natal). Talvez ele possa funcionar como filme para a família, desde que sua família seja bastante liberal e esteja disposta a ver a bunda de James Franco e Bryan Cranston tomando água de privada na cara. Um bom filme, mas que claramente parece ser melhor do que é graças a um ótimo elenco.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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