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Os diretores da popular série da Netflix, Stranger Things,  falaram recentemente que Elfen Lied foi umas das inspirações da série. Principalmente no que tange a parte dos seres sobrenaturais do anime, mutantes nascidos com poderes telecinéticos, e aprisionados para testes por cientistas. Claramente comparáveis a personagem Eleven (11) de Stranger Things. E foi curioso saber que no meio de tantas referências ao cinema americano, a série dirigida pelos Irmãos Duffer também tenha se inspirado na, não tão conhecida, produção japonesa que conta a história da diclonius Lucy. E o mais interessante é que realmente conseguimos visualizar tais referências na série da Netflix.

Elfen Lied é um mangá publicado inicialmente pela Young Jump e posteriormente pela Shueisha de 2002 até 2005, contando com 12 volumes. Devido ao grande sucesso obtido ganhou uma adaptação em anime, que começou a ser transmitido em 25 de julho de 2004, quando o mangá ainda estava inacabado. Até por isto, a história de ambos os formatos diverge, oferecendo resultados completamente diferentes. A produção é destinada ao público adulto dado o número de cenas de nudez, gore e violência física e psicológica que apresenta, sendo principalmente classificado em gêneros de terror e drama. Elfen Lied em alemão significa “Canção Élfica”. Sua origem é o liedElfenlied” do compositor austríaco Hugo Wolf, baseado no poema homônimo do escritor alemão Eduard Mörike.

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Elfen Lied mostra uma evolução da humanidade, os Diclonius se parecem muito com humanos normais, porém, possuem algumas diferenças: Uma glândula pineal de tamanho exagerado , um par de pequenos chifres em suas cabeças, olhos e cabelos avermelhados/rosados, e conseguem sentir a presença de outros de sua espécie. Como resultado da mutação na glândula pineal, competem à telecinese; desenvolvem estruturas de natureza desconhecida, de ação física similar à de braços, denominados vectors. Tais estruturas possuem o poder cinético de meramente reduzir uma cabeça humana em cacos, decepar membros e parar tiros. Por causa dessas características especiais, os Diclonius sofrem preconceito; tanto por medo de suas potencialidades quanto por interesse da espécie humana. Eles nascem de pessoas normais, mas cujo pai ou a mãe foi infectado com um dos vectors de outro Dicornius no seu cérebro. 

Neste ponto vemos as semelhanças de alguns dons da Diclonius com Eleven. Inicialmente temos a telecinesia, em Elfen Lied o que parece ser um poder telecinético, na verdade é a ação dos vectors (vetores) que se movem ao bel prazer da usuária e que também é invisível a olho nu. Não podemos afirmar que o poder telecinético de Eleven também seja oriunda dos vectors – até porque seria algo passível de reclamações autorais – porém ainda não podemos negar a semelhança, já que sua telecinesia tem funções parecidas e um certo limite de alcance territorial – apesar de ainda não sabermos se é capaz de parar tiros. 

Outra semelhança é o fato de Eleven também conseguir sentir a presença do demogorgon, assim como Lucy sente de outro diclonius. Ainda não sabemos qual é a verdadeira ligação entre ambos, mas sabemos que no mínimo há algo que os conectam; seja como a própria versão dela do outro lado, ou do futuro, ou apenas a ligação psíquica que estabeleceram no primeiro contato.

Ainda não temos plena certeza do que Eleven é. Uma mutação? Uma experiência? Ou será uma evolução da espécie humana através de uma mutação motivada por uma experiência? Porém podemos afirmar que, assim como os Diclônios, Eleven também é temida e mantida cativa pelo interesse da espécie humana em usufruir de seus poderes – aqui entende-se como o governo. E ambas fogem de seus cativeiros laboratoriais.

A protagonista de Elfen Lied é Lucy, Uma Diclonius com personalidade assassina, querendo matar todos, sentindo prazer nessa ação devido ao jeito de como ela foi tratada na infância, humilhada, sofrendo abusos e preconceitos de todos à sua volta. Porém, com a sua fuga do laboratório, levou um tiro no capacete que usava, afetando sua cabeça, surgindo assim sua outra personalidade, Nyuu. Quando está com essa personalidade, a única coisa que fala é “Nyuu!”, de onde vem o seu segundo nome. Sua personalidade muda geralmente quando sofre um estímulo, como uma ameaça ou algum sentimento de raiva ou ódio, ou até mesmo quando leva uma pancada na cabeça.

Stranger Things ainda não brincou com múltiplas personalidades com Eleven, porém pode ser um campo ainda a ser explorado na segunda temporada – fora as loucas teorias que envolvem a jovem com o demogorgon. Porém na primeira temporada existem momentos em que Eleven perde o controle e age em modo “assassino”. Chegando a matar alguns agentes.

Nyuu foi acolhida por Kouta que lhe alimenta, ensina novas palavras e comportamentos mais sociáveis. Ela é infantil, inocente, boa, e se preocupa com todos enquanto Lucy, a personalidade assassina, fica adormecida.

Na série da Netflix, assim como Lucy, Eleven é dócil, inocente e também é acolhida por Mike, que lhe alimenta e ensina alguns comportamentos mais sociáveis. 

Há a possibilidade de que o verdadeiro nome de Lucy seja Kaede. O que dá mais forças a essa possibilidade é que o nome Lucy foi usado pelos cientistas para nomear o “primeiro” ser humano da terra. Então, já que Lucy é considerada a primeira Diclonius da Terra, renomeá-la para Lucy foi uma forma de fazer alguma correlação. No entanto, o nome Eleven (11) provavelmente é o número sequencial do experimento que deu origem à criança, porém não sabemos se ela já possuiu algum outro nome dado por um possível pai ou mãe, ou que somente foi um ser criado a partir de outros métodos.

Os Diclonius nascem de pessoas normais, mas cujo pai ou a mãe foram infectados com um dos vectors de outro Diclonius no seu cérebro. Inclusive Lucy é considerada uma Diclonius Rainha por ser, pelo menos inicialmente,  a única com o poder de reprodução através destes vectors.

Sabemos que Stranger Thins é uma colcha de retalhos de referências. Identificamos claramente as de ET, o Extra Terrestre, Conta Comigo até Minority ReportSob a Pele entre outras. Apesar de findadas as semelhanças à Elfen Lied que enumerei ao longo do texto, é satisfatório saber que fontes inspiradoras de uma das séries mais premiadas dos últimos tempos e de grande sucesso de público não se limitam a apenas as produções comuns ao cenário americano. Abrindo diálogos que quebram barreiras de formatos e rótulos.

E o que é mais encantador, é o uso e abuso dessas referências funcionando para o que de fato deve funcionar: construir uma nova história, nos arremetendo a outras. Numa espécie de celebração não só ao saudosismo mas também a tudo o que constitui esse vasto universo.

Você encontrará os 8 episódios da primeira temporada de Stranger Things e os 13 episódios de Elfen Lied na Netflix. Lembrando que a segunda temporada da série oitentista estreará em outubro de 2017, contando com 9 episódios dirigidos pelos competentes irmãos Duffer.

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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