Na história dos quadrinhos, muitos nomes são facilmente lembrados. Entre eles grandes produtores da nona arte como Neil Gaiman, Stan Lee, Alan Moore, entre muitos outros de fama internacional. O mesmo pode ser dito de artistas nacionais Mauricio de Souza e Ziraldo. No entanto, o que poucos sabem é que pessoas como Álvaro de Moya também tiveram sua importância para o entendimento desta mídia como forma de arte. E é por conta disso que venho compartilhar com vocês alguns pensamentos e informações a respeito deste senhor que tive o prazer de conhecer anos atrás. Mesmo não estando mais entre nós, ele deve ser reverenciado com o devido merecimento.
Em 1951, ele participou da organização da I Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos no Brasil ao lado de artistas como Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado. A recepção do evento possibilitou que muitas pessoas pudessem enxergar o trabalho de quadrinistas como Will Eisner, Milton Caniff, Hal Foster, Alex Raymond e Al Capp com outros olhos. Claro que havia muito preconceito na época, algo que ainda continua vigente nos dias de hoje, mas isso não desanimou este grupo a lutar pela valorização das HQs.
Obviamente, sua contribuição não parou por aí. Alguns anos depois, lançou a primeira edição de Shazam!, um livro de grande importância por reunir artigos de profissionais de diversas áreas dissertando sobre a influência pedagógica e psicológica dos quadrinhos e a sua influência na cultura. Com este trabalho, foi dado um importante passo para que as HQs fossem vistas não somente como puro entretenimento, mas sim como um meio de comunicação que merece atenção por parte dos acadêmicos. Aliás, sobre esta obra vale destacar o título que obviamente faz referência ao Capitão Marvel da DC Comics.
Como disse anteriormente, tive a honra de conhecê-lo pessoalmente. Durante o período de faculdade, realizei uma pesquisa de iniciação cientifica sobre as relações entre cinema e quadrinhos no Brasil. Nas minhas pesquisas, descobri a importância do trabalho de Moya para os quadrinhos como um todo. Não é a toa que seus trabalhos serão lembrados durante muitos anos. Prova disso é que os livros organizados por ele criam uma ótima base para quem necessita tanto de conhecimento histórico como de um olhar mais aberto para esta forma de arte tão incriável. Por motivos como esse, é que a oportunidade de estar no mesmo local que ele se tornou uma ocasião especial.
Outra obra importante que leva seu nome e que tive a oportunidade de usar em minha pesquisa foi A História das Histórias em quadrinhos. Trata-se um excelente trabalho onde ele abordou o início e crescimento dos quadrinhos, passando pelo seu surgimento nos EUA , seu amadurecimento na Europa e sua vinda no Brasil pelas revistas Tico Tico e Suplemento Juvenil. Se você tiver real interesse sobre o tema, esta certamente é uma ótima recomendação por ser um livro com valor histórico muito grande também.
Em outras palavras, Álvaro de Moya deve ser considerado um ícone nacional e um homem de mil faces: jornalista, escritor, produtor, ilustrador e diretor de cinema e televisão. Ainda há muito do seu trabalho que ainda não conheço e por conta disso encerro aqui esta pequena e tardia homenagem. Que sua alma descanse em paz e que seu nome permaneça marcado no tempo e na história.
Links recomendados:
- Morre Álvaro de Moya, nome fundamental dos quadrinhos no Brasil
- Quadrinhos’51: uma exposição grandiosa – Artigo do jornalista Francisco Ucha para o site Planeta Mongo sobre evento em homenagem aos trabalhos de quadrinhistas nacionais das décadas de 40 a 70 e sobre a I Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos no Brasil.
- O preconceito contra os quadrinhos em debate – Breve cobertura sobre a Quadrinhos’51 e o debate com participação do Álvaro de Moya
- Review sobre Shazam! no UniversoHQ
Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast