De tempos em tempos um novo best seller explode nas livrarias e é amplamente lido e comentado. Geralmente isso é acompanhado de um filme ou algum assunto polêmico. Questiona-se muito a qualidade de tais obras literárias que ganham extrema popularidade da noite para o dia. De fato temos muito material descartável que cairia no esquecimento se não fossem as adaptações cinematográficas  que alavancam a popularidade do livro. Mas é claro que também temos obras que conquistam sua popularidade pelo simples fato de serem histórias realmente geniais. É justamente o caso de A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert.  

Marcus Goldman escreveu seu primeiro livro que foi um sucesso estrondoso e logo depois entrou num grande bloqueio criativo. O problema é que havia assinado um contrato com sua editora para um novo romance, mas ele se encontra completamente incapaz de produzir. Na tentativa de resolver o problema ele vai visitar seu mentor Harry Quebert, um consagrado escritor que lhe ensinou tudo sobre a escrita. O problema surge quando o corpo de uma menina desaparecida desde 1975 é encontrada enterrada no quintal de Harry e assim se inicia uma investigação que vai mexer com segredos da cidade inteira.

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Existe certa mágica em livros de investigação, principalmente os clássicos que tentam desvendar quem é o assassino. Ficamos naturalmente intrigados em vasculhar todas as vidas relacionadas à vítima para encontrar um culpado. Talvez seja algo próximo de brincar de deus e que, ao mesmo tempo, nos permite fofocar sem culpa. Quando jogamos isso para ficção temos carta branca total para julgar e xeretar a vontade. É justamente isso que o livro de Joël Dicker proporciona.

Somos levados para uma viagem pela cidade onde se passa a história e caminhamos por duas linhas temporais diferentes. Uma no presente da investigação e outra em 1975, onde o assassinato da menina desparecida aconteceu. Vamos vasculhar a vida de diversos habitantes da cidade e nos deparar com seus segredos mais sórdidos. Entretanto é bom avisar de que este é um livro que lidará com assuntos tabus e pode ser excessivamente pesado para alguns. Não estou falando do assassinato em si, mas de tudo o que ocorre antes dele e que pauta boa parte deste mistério.   

Joël Dicker consegue a absurda façanha de fazer tantas reviravoltas que se torna IMPOSSÍVEL descobrir o final do mistério antes de chegar ao último capítulo, literalmente. Quando você começa a achar que está entendendo o caso o autor coloca uma nova informação que faz você questionar tudo que foi dito anteriormente. Ele faz isso ao longo de toda a narrativa com maestria. O mais fantástico é que ele não perde o fio da meada e consegue entregar uma investigação altamente complexa que nos faz pensar como Dicker criou este quebra cabeça magnífico. Talvez um dos maiores livros de investigação já feito. Isso tudo coroado com uma bela metalinguagem com a própria profissão do escritor.

Para mim só existe um defeito nesta obra, mas me sinto até meio patético de aponta-lo diante da complexidade desta trama: Os diálogos são sempre muito artificiais e excessivamente dramáticos, principalmente de alguns personagens. Para um livro tão realista, as pessoas falam de forma muito pouco natural. No início pensei que poderia ser algo da tradução, mas logo fica claro que é algo presente na escrita do autor.

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert merece estar na sua lista de obras primas de livros de investigação. O típico romance impossível de largar até terminar e que te faz mergulhar por completo nas vidas dos personagens. Você vai ficar triste ao terminar e feliz por ter lido algo tão bem elaborado.


Compre os livros de Joël Dicker e ajude o Tarja Nerd a crescer cada vez mais!


A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert

Nota

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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