Chegando o mês de junho, o mês dos namorados, as salas de cinema ficam lotadas de comédias românticas sem inovação, com o único intuito dos filmes, mais do que nunca, assumirem um papel de indústria e lucrarem com uma data comemorativa. Provavelmente pra fazer uma análise bacana desse tipo de filme tenhamos que pensar por muitas vezes além do que o longa mostra nas telas, “Amor.com” tem uma mensagem, só não é muito perceptiva.

Katrina (Isis Valverde) é uma vlogueira de moda e maquiagem bem estereotipada. Pra quem não pertence ao seu universo vai achá-la extremamente fútil e esse é o objetivo com a atuação quase caricata de Isis. Katrina se encontra em uma situação extremamente delicada envolvendo fotos íntimas possivelmente vazadas e, como uma última e única esperança, pede a ajuda do nerd que, claro, é um hacker. Fernando (Gil Coelho) é um Nerd de tecnologia e que também participa de um vlog, por sua vez voltado para games. O nerd/hacker aceita ajudar a vlogueira e consegue eliminar as fotos antes que fossem tornadas públicas. E nesse encontro causado não pelo acaso, mas por uma situação extremamente desagradável, o casal se apaixona e ficam juntos. Em um filme que tem como proposta a modernidade, lida-se muito bem com a questão das fotos íntimas vazadas, procurando não culpar a vitima e mostrando o quão devastador pode ser uma situação como essa.

Esse tipo de romance do nerd com a popular não é uma novidade, a questão é, se repararmos nos filmes que vimos com essa temática, em sua maioria são dirigidos por homens e com um foco maior no personagem masculino adentrando no universo popular da menina. Nesse filme temos a prova de que, nós nerds, somos legais agora. Vemos uma força muito maior da Katrina querendo desbravar o nosso universo do que o contrário, chegamos ao ponto do cara deslocado e bizarro ser de fato um príncipe encantado sem muita transformação visual. O fato de filme ser dirigido por uma mulher contribui muito para essa troca de ótica e foco, vamos notar que a vida de quem vive com imagem não é nada agradável.

A direção da Anita Barbosa é interessante, porém peca em sua necessidade de fazer seus protagonistas, que já tem características muito definidas, a atuarem de formas muito exageradas, tentando emular o que um nerd de verdade é. Por outro lado, Anita compensa na decoração do quarto do Fernando, mandando bem com referencias nem um pouco óbvias, como um quadro da Eternidade (entidade da Marvel), desenhada por Steve Ditko nas páginas das revistas de Doutor Estranho nos anos 60, ou também uma cena bem icônica da passagem de Frank Miller no Demolidor. A trilha sonora me agrada pra um romance de opostos tão claros e gritantes, nada de música nacional fora de contexto com o longa, apenas uma música acústica de voz e violão em alguns momentos do filme.

Apesar de não ser uma comédia romântica revolucionária, e nem precisava ser, “Amor.com” possui seus bons momentos, acerta, até certo ponto, na retratação de uma geração movida à internet e rede sociais, além de agradar a quem só quiser ver um romance despretensioso no dia dos namorados. Vamos ver um casal que funciona dentro da proposta, um humor bem sutil e no final da até pra sair com um sorrisinho no rosto.

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