A editora Panini lançou recentemente o encadernado que compila a minissérie de seis edições BATMAN: THE DETECTIVE, que foi laçada em 2021. O que chama atenção nesse projeto é o nome do desenhista Andy Kubert que já é um artista muito consagrado dentro da indústria. O roteiro é assinado por Tom Taylor que vem fazendo muito sucesso dentro da DC com títulos como sua aclamada mensal do Asa Noturna, DComposição e os quadrinhos da série Injustice. É de se imaginar que essa dupla criativa seria capaz de coisas fantásticas numa minissérie do Batman, mas o resultado está abaixo do esperado.

A trama consiste num Batman mais velho e decadente, que descobre que existe uma organização que está matando todas as pessoas que ele já salvou ao longo de sua carreira como super-herói. Isso o leva numa viagem para Londres onde o mistério começa a se desenrolar. Num primeiro momento vemos que essa é uma premissa com bastante potencial. Entretanto, logo na primeira edição fica evidente que não existe nenhum motivo contundente para que essa aventura se passe nesse futuro próximo com um Batman mais velho. Parece que esse artificio só é utilizado para fazer uma associação com o icônico O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Facilmente a história que vemos aqui poderia ter sido adaptada como um arco de uma das revistas mensais do personagem.

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De modo geral o roteiro é bastante genérico. Tanto esse futuro próximo não possuiu nenhuma característica que o diferencia do universo DC regular que acompanhamos, quanto os vilões e as situações são totalmente dentro do padrão de uma mensal de super-herói sem nada de especial. As motivações dos vilões são absurdamente rasas para uma história que se leva tão a sério quanto essa, a ponto de ser risível em alguns momentos. Também não existe nenhum motivo especial para a história colocar o termo Detetive em seu título, já que nem existe uma pegada do gênero de histórias de detetive ou um enredo minimamente detetivesco. Essa é só mais uma história genérica do Batman enfrentando um grupo de terroristas com uma agenda extremamente específica.

Outro ponto da trama que se perde, e que parece que vai ser o foco nas duas primeiras edições, é brincar com os personagens britânicos da editora e suas mitologias. Mas logo percebemos que essa ideia é completamente descartada, e o que supostamente seria uma aventura do Batman na Inglaterra com personagens ingleses da DC, logo se torna mais uma sequência de passagens por países europeus sem nenhuma conexão temática verdadeira.

A arte de Andy Kubert aqui é eficiente, mas certamente não é o seu melhor trabalho. Dá para ver que ele está se divertindo ao desenhar determinadas situações, aparatos tecnológicos novos e brincar com alguns designs diferentes.  Mas também não é nenhum chamariz que salve a publicação. Mas uma escolha feita nessa HQ, e que considero muito questionável, é a forma como Bruce Wayne mais velho é desenhado. Andy Kubert opta por retratar uma figura muito atarracada, meio baixinha e com um cabelo militar que o faz parecer o personagem sargento Rock. Só é possível saber que se trata de Bruce porque sabemos que essa é uma história do Batman, mas em qualquer outra circunstância pensaríamos que se trataria de qualquer oura figura.

De modo geral essa é uma história esquecível apesar da dupla criativa que chama a atenção. Só imagino que essa publicação vá interessar para aquele fã de Batman que compra tudo do personagem de forma religiosa e que deseja ter tudo do Morcego, até mesmo aquelas aventuras que ele provavelmente vai esquecer que leu em pouco tempo.

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Batman: Detetive - Volume Único

5.0 Regular!
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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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