Batman: O Impostor – Volume Único│Review

DC Black Label é um selo relativamente recente da editora DC Comics, que têm como objetivo proporcionar histórias mais adultas com os seus personagens. De certa forma está cumprindo o papel do selo Vertigo que quase funcionava como uma editora separada da própria DC e que foi responsável pelas melhores coisas que a editora já publicou em sua história. Mas o selo Black Label vem se focando mais em contar histórias de super-heróis com mais violência e sexualidade do que necessariamente terror e ideias inéditas, como era na Vertigo. Para a surpresa de ninguém o Batman vem sendo o personagem que mais ganhou títulos dentro desse selo.

Batman: O Impostor parece ser um quadrinho feito para se passar após os eventos do filme do Batman de 2022. Alterando pequenos detalhes essa narrativa facilmente poderia ser uma continuação direta do filme. Na edição mais recente da Panini temos a compilação das três edições que completam a trama. Tais edições também foram lançadas separadamente pela editora, mas vale lembrar que cada uma tem mais páginas que uma mensal regular.

O roteiro é assinado por Mattson Tomlin que tem uma carreira como diretor e roteirista de cinema. Aqui ele apresenta uma história com um tom idêntico ao do filme mais recente, onde Batman enfrenta um sujeito misterioso que utiliza uma roupa muito similar a sua, mas a diferença é que ele está matando diversos criminosos de Gotham, fazendo toda a cidade acreditar que Batman se tornou um vigilante assassino.

A arte fica por conta de Andrea Sorrentino, que já trabalhou na DC desenhando Arqueiro Verde e o recente Joker: Killer Smile. Aqui seu trabalho rouba a cena. Por mais que em dados momentos as cenas fiquem muito escuras, as sequências de ação rolam pelas páginas com muita facilidade. Existe uma técnica de focar nos pontos de impacto das lutas, além de existir muita textura em roupas e objetos, o que ajuda a dar um tom de realismo, mesmo que o traço não seja tão realista assim. Existem algumas páginas duplas que são deslumbrantes, e as cores de Jordie Bellaire ajudam nos momentos de impacto e ação.

O roteiro segue o estilo de investigação policial, e em dados momentos até repete alguns clichês desse gênero. Mas o interessante é que os dois principais pontos de vista da história são da doutora Leslie Thompkins que conversa com Bruce sabendo que ele é o Batman. De certa maneira essa é a HQ que finalmente mostra Bruce indo na terapia! E do outro lado acompanhamos a policial Wong que está investigando os assassinatos do Batman Impostor.

A trama foca no relacionamento de Batman com essas duas personagens e a investigação desse caso de assassinatos, mas ainda assim explorar como esse caso afeta o Batman parece ser o foco maior. Existe muita repetição com outras histórias que se propõem a explorar a pisque do Batman que ficam em lugares comuns. Mas vez ou outra, temos ideias originais e ousadas como mostrar a infância de Bruce de maneira mais agressiva e menos idílica. Existem algumas reflexões sociais interessantes também, mas no fim elas são “solucionadas” de maneira muito rápida. De modo geral, o encerramento pode parecer um tanto anticlimático, principalmente na parte de mais “ação” da HQ. Mas realmente acho que não era o objetivo desse projeto em ser uma aventura, mas uma investigação onde vemos como os eventos afetam psicologicamente os personagens envolvidos.

Não ficaria muito surpreso se o próximo filme do Batman usasse parte dessa trama para montar seu roteiro, talvez até com o próprio Mattson Tomlin participando da adaptação. Na verdade, é até possível que ela já tenha sido idealizada pelo editorial para servir como laboratório para os filmes. Para os que viram o filme, e adoraram, essa é a dica perfeita de quadrinho. Vai ser praticamente como uma continuação. Uma boa história para os que são fãs do personagem e gostam de ver o lado mais detetivesco. Nem tudo funciona no roteiro, mas os erros ficam apagados diante dos acertos.

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