Em 1976, Sylvester Stallone escreveu e estrelou Rocky e, a partir dali, surgiu uma franquia de sucesso que dura até hoje com os derivados protagonizados por Michael B. Jordan. E mesmo que Creed III seja o primeiro sem a participação de Stallone, o novo filme consegue se sustentar sozinho e marca a estreia de B. Jordan como diretor e a nova fase vivida por seu personagem.

Dando sequência aos acontecimentos de Creed II (2018), encontramos Adonis Creed (Michael B. Jordan) afastado dos ringues e atuando como empresário e pai de família. Quando seu amigo de infância, Damian Anderson (Jonathan Majors), ressurge após 18 anos na prisão, Creed resolve ajudá-lo a realizar seu desejo de ter uma carreira no boxe profissional. Mas o ressentimento que Damian nutriu todos esses anos na cadeia faz com que os dois entrem em choque. A única forma que Creed tem para resolver seus problemas com o passado é voltar à ativa e enfrentar seu velho amigo dentro do ringue.

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Provavelmente você já viu em algum lugar essa história de antigos amigos que se tornam rivais graças ao rumo que suas vidas tomaram. Porém, apesar de clichê, essa premissa faz toda a diferença dentro de Creed III por conta do passado envolvendo Damian e Adonis. Aos poucos, o longa nos mostra a relação de amizade e dependência entre os dois desde o tempo em que moravam em um abrigo para menores até chegar ao momento em que seus caminhos foram forçados em direções opostas. As diferentes realidades que viveram a partir daí só alimentaram ainda mais a rivalidade por parte de Damian até culminar no inevitável confronto.

Essa oposição de forças remete à diversas premissas vistas em animes e Michael B. Jordan é um fã declarado dessas produções, chegando a assumir que o filme é influenciado diretamente por algumas delas. Podemos notar algumas referências bem explícitas principalmente a Naruto e Dragon Ball no que diz respeito ao antagonismo entre os personagens, e também a Hajime no Ippo, que é um anime voltado para o boxe e foca no treino e nas técnicas dessa arte marcial. A combinação de todas essas obras dentro do roteiro resulta em um embate de peso onde as cenas de lutas são dinâmicas e empolgantes, deixando os espectadores vidrados.

Uma coisa que vinha sendo comentada antes mesmo da estreia de Creed III era sobre o tratamento que seria dado a Rocky Balboa visto que Sylvester Stallone não está na produção devido a divergências criativas. Felizmente o legado e a importância do personagem são preservados, por mais que não haja preocupação em explicar sua ausência. De fato, Balboa não faz falta para a trama, o que mostra que ela está ligada ao passado, mas não presa a ele.

A atuação do elenco principal não deixa a desejar, com destaques para Jonathan Majors (Quantumania) e Tessa Thompson (Thor: Ragnarok). Michael B. Jordan também entrega momentos convincentes especialmente nas cenas dramáticas ou quando está contracenando com Mila Davis-Kent, que interpreta Amara, filha de Creed com deficiência auditiva. Seus diálogos com ela são todos em linguagem de sinais, inseridos de forma delicada e espontânea.

Na direção, B. Jordan mostra que conhece bem o próprio personagem e faz escolhas acertadas na hora de contar sua trajetória, utilizando recursos narrativos criativos que valorizam o roteiro de Zach BaylinRyan Coogler (Pantera Negra). A trilha sonora é outro ponto alto, com músicas que se encaixam bem em diversos momentos, tanto nos empolgantes quanto nos mais calmos.

Creed III sai da sombra de Sylvester Stallone, contudo não corta relações com o restante da franquia e seu criador. Mesmo os clichês são irrelevantes diante da forma como a história é contada, tornando-a envolvente e cativante tanto para os fãs do boxe quanto para aqueles que não se interessam tanto pelo esporte.

Assista ao trailer:

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Creed III (2023)

8.5 Ótimo!
  • Nota 8,5
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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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