Os bastidores da fama possuem lados obscuros que podem determinar quanto tempo um artista vai ficar em evidência ou quando ele irá desaparecer. No cenário musical, temos muitos exemplos de astros que conquistaram o mundo e depois simplesmente desapareceram. Inspirada nessas celebridades, a escritora Taylor Jenkins Reid escreveu Daisy Jones & The Six: Uma história de amor e música, sobre uma banda de rock que, apesar de fictícia, tem muitas semelhanças com grupos famosos.
O livro, que em 2023 foi adaptado para uma minissérie homônima no Prime Video, conta a trajetória da banda Daisy Jones & The Six que lotava estádios e dominava o topo das paradas de sucesso no final dos anos 70. Porém, após o último show da turnê Aurora, em 1979, o grupo se desfez sem ninguém saber o real motivo. Até agora. A partir de depoimentos e entrevistas com os antigos membros, a autora reconstitui o caminho da banda desde o anonimato, passando pela ascensão global até chegar ao fim abrupto, sem esconder nenhum detalhe por mais sórdido que seja.
Durante a leitura, a impressão que temos é que, na verdade, estamos assistindo a um documentário real onde cada um dos entrevistados vai se alternando para contar a sua versão dos fatos muitos anos depois da separação do grupo. A semelhança com grandes bandas como Os Beatles e Fleetwood Mac é inegável, sendo que a carreira desta última foi a grande inspiração de Taylor Jenkins Reid. Para tornar a experiência ainda mais realista e imersiva, a autora acrescenta as letras das músicas do álbum Aurora completo, como se esse fosse o legado do conjunto e a prova de sua existência. Esse formato faz com que a leitura seja fluida e o leitor avance no livro sem nem perceber.
Porém, o ponto que mais se assemelha com a história de bandas que existiram é a disputa de egos entre os integrantes e o choque de personalidades distintas. E mesmo após anos, alguns ressentimentos permanecem até hoje, como fica óbvio na fala de alguns personagens. Cada um conta o seu ponto de vista, onde geralmente o outro era quem estava errado, mas na maioria dos casos as coisas não são tão simples.
Dentre tantas rivalidades, nenhuma é mais forte que a dos vocalistas Billy e Daisy. Ele é um controlador, ela uma mulher forte que se recusa a abaixar a cabeça para qualquer um. E por mais que eles sejam totalmente opostos, quando se unem o resultado é surpreendente, tanto que o sucesso da banda se deve a isso. O processo criativo dessa dupla só reforça o quanto a música é uma válvula de escape tanto para quem compõe quanto para quem ouve. Já o fato de Billy lutar contra o vício e Daisy abusar das drogas e álcool cria uma dinâmica envolvente entre os dois, que os repele e os atrai ao mesmo tempo, criando um sentimento conflituoso por parte de ambos.
Muitos desses conflitos internos acontecem apenas nos bastidores, fora do conhecimento do público: os dramas e lutas pessoais de cada um, as escolhas e renúncias que se veem obrigados a fazer em nome da carreira ou da vida pessoal, os erros e arrependimentos. Contudo, algumas coisas são evidentes como o consumo excessivo de entorpecentes e relações sexuais casuais, fazendo jus à frase “sexo, drogas e rock’n’roll” muito presente nos anos 70.
Mesmo quando o amor dos fãs, a fama e o dinheiro falam alto, às vezes os sacrifícios exigidos são demais para que qualquer um possa continuar. Isso mostra que Daisy Jones & The Six não é apenas a história de uma banda, mas também de seus integrantes, cada qual com suas limitações que mostram que eles são apenas humanos.
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