Com ação e animação impecáveis a segunda temporada de Demon Slayer arrebatou o coração de milhares de fãs que acompanharam Tanjiro, Nezuko, Zenitsu, Inosuke e o Hashira do Som Tengen Uzui no Distrito do Entretenimento. Brindado-nos com uma sequência de episódios de excelência que pareciam querer justificar todo o investimento – e inclusive a acusação de sonegação – da Ufotable, o estúdio responsável pelo anime. Uma grande experiência visual e emocional que só não foi perfeito devido a alguns problemas de ritmo do anime e seus escassos episódios desta temporada.
Demon Slayer (Kimetsu no Yaiba) estreou em dezembro de 2021 com sua segunda temporada e trouxe em seus primeiros 7 episódios o filme Trem Infinito (sucesso de bilheteria lançado no final de 2020). Logo em seguida a segunda temporada se inicia de fato, adaptando o arco do Distrito do Entretenimento do mangá escrito e desenhado pela Koyoharu Gotouge. No total foram apenas 11 episódios de história inédita de Tanjiro junto do novo mentor dos jovens caçadores Tengen Uzui.
O que de fato é o grande trunfo de Demon Slayer é a sua animação. Cenas lindas, coloridas, com muita ação excelentemente coreografadas. A utilização dos recursos gráficos é em perfeita sintonia com a história e com a ação envolvida na batalha. O anime é feito com um esmeiro que o coloca num patamar de produção acima de qualquer outro anime da história recente neste quesito. O que justifica seus poucos episódios, que acredito que para manter o nível de animação tenha estourado o orçamento do estúdio. A qualidade de produção imposta nesta temporada de Demon Slayer será capaz de influenciar toda a indústria de animação japonesa no futuro, e isso quem diz é o renomado diretor Watanabe Takashi. Porém não é só de boa produção que vive o anime…
Um outro ponto que chama a atenção na obra, e aqui vão os elogios a Gotouge, são os momentos emotivos do anime. Ora é um oni que destrói um quarteirão e vidas de inocentes, outrora é a triste vida pregressa deste mesmo oni quando é contada em tela… Demon Slayer desde a sua primeira temporada trabalha bem a questão da dualidade do bem e do mal adicionando camadas nessa análise. “O mal não é de todo mal e o bem não de todo bem”. E isso fica claro com a relação dos irmãos Lua Superiores 6, Gyuutaro e Daki, em comparação com os irmãos Kamado, Tanjiro e Nezuko: ” E se quem tivesse abordado Tanjiro quando sua família foi assassinada fosse um Oni ao invés de um Hashira?”
As construções dos embates do anime são envolventes e emocionais. Gotouge sabe bem como construir a narrativa de uma luta e seus momentos de virada. Em diversos momentos nos vemos envolvidos com o andar do confronto, do medo de que algum dos caçadores possa morrer de verdade, até a empolgação da grande virada da luta ou estratégia dos protagonistas. E nesta categoria acredito que o episódio 10 desta temporada “Jamais Vou Desistir” seja um dos melhores episódios de anime de todos os tempos, aliando justamente essas habilidades de se construir uma batalha da autora com a incrível animação do anime. O que proporcionou um show de entretenimento.
Mas, como nem tudo é perfeito, o anime hora ou outra apela para uma solução fácil quando a situação está quase irreversível para Tanjiro e seus companheiros, e quase sempre é a Nezuko quem atua como uma espécie de “Deus Ex-Machina” tirando-os de tal situação, como vimos na erradicação do veneno no episódio 11. Um outro problema desta temporada é o ritmo dela como um todo, onde temos episódios iniciais muito tranquilos e que nada muito acrescentam, como o Tanjiro trabalhando numa casa de entretenimento da cidade – que inclusive o anime não de elabora muito bem essas casas de prostituição do distrito. Assim como também a batalha de várias fases que abrange diversos episódios, repleto de flashbacks, pensamentos e análises de situações perigosas. Chega a um ponto em que nos incomodamos com o tempo perdido nisso quando o episódio acaba de forma inconclusiva. E o ato de esperar mais uma semana para mais 20 minutos de episódio para saber o que aconteceu se torna frustrante, não o bastante para estragar a experiência, mas incomoda.
No fim Demon Slayer já estreou deixando saudades, a cada semana íamos a conta-gotas avançando pelos escassos 11 episódios da temporada. E o prometido episódio final maior com 45 minutos não aconteceu, apesar de ter meia hora de duração. Mesmo com os problemas citados acima, o anime é uma incrível experiência visual e emocional que deixou nossos domingos do início de 2022 bem movimentados. A terceira temporada já está confirmada, apesar de ainda não termos uma data de lançamento. Nos resta aguardar e esperar para que sejamos mais uma vez arrebatados por Tanjiro e seus companheiros.
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Nota