Filmes de ação que se misturam com comédia já não são novidade há muito tempo. Depois de muito tiroteio, luta e batidas de carro é comum o roteiro colocar uma quebra de tensão para aliviar a tensão do público. Uma quantidade gigantesca de filmes faz isso e Dupla Explosiva é mais um título para colocar nessa lista. Mas não necessariamente essa mistura sempre sai com um bom equilíbrio. Por vezes a comédia quebra toda a tensão e a ação torna o humor meio deslocado numa situação de perigo.  Esse filme consegue manter esse equilíbrio?

Na Holanda está ocorrendo o grande julgamento de um ex-presidente da Bielorrússia que é acusado de ter feito um genocídio étnico. O homem que possui as informações para comprovar a culpa do ex-presidente é um assassino de aluguel que está sendo protegido por um guarda costas que ele já tentou matar várias vezes. Os dois precisam sair da Inglaterra até a Holanda para o julgamento em um dia e não serem pegos pelos agentes do ex-presidente e não se matarem no meio do caminho, pois ambos se odeiam.

O guarda costas profissional (interpretado por Ryan Reynolds) é o homem que precisa se provar, pois ele falhou em proteger em um de seus clientes e depois disso caiu na descrença geral. Por diversas vezes o assassino de aluguel que ele precisa proteger (interpretado por Samuel L. Jackson) tentou matá-lo e os dois se odeiam há anos. Isso gera diversas situações cômicas interessantes, tanto pela situação que o retiro os coloca, quanto o embate de personalidades totalmente distintas. O assassino totalmente escalafobético, despreocupado, exagerado enquanto o guarda costas é meticuloso, preciso e segue diversas regras.

Essa dinâmica de roteiro lembra levemente os filmes de Maquina Mortífera e mistura a ação frenética com uma comédia ainda mais exagerada do que os antigos filmes de Martin Riggs, e Dupla Explosiva consegue ser bastante eficiente nesse quesito. O filme flutua muito entre esses dois gêneros, o que poderia ser um grande problema, mas a direção de Patrick Hughes é altamente eficiente em dosar todos esses elementos, fazendo-os funcionar. Por outro lado ele possuía dois atores altamente carismáticos, Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson, e com ótimas noções de como levar cenas de comédia e ação simultaneamente. Ocorre até uma piada sobre como o  Samuel L. Jackson fala palavrões em demasia.  O filme só falha, bem de leve, quando tenta se levar a sério ou tentar criar um drama pessoal dos dois protagonistas. Alguns outros personagens secundários são bastante subaproveitados, porém outros possuem apenas uma cena boa que os fazem brilhar e marcar a memória.

Publicidade

Em termos de ação o filme só é verdadeiramente inventivo, e bem dirigido, no final do segundo ato, onde temos uma ótima cena envolvendo luta mano a mano e perseguições de barco e moto ao mesmo tempo. De resto temos cenas de ação bem efetivas, mas pouco originais. O filme acerta mais na comédia, conseguindo gerar bons diálogos e muito humor de contraste realmente divertido. O roteiro de Tom O’ Connor, o segundo dele,  é bom em fundamentar as motivações dos protagonistas, colocá-los em situações divertidas tanto para a ação quanto para comédia e, principalmente, criar um contexto que fecha em toda a história. Ele só falha no terceiro ato, pois a história precisa tomar contornos muito absurdos para justificar o clímax do final do filme.

O filme cumpre o propósito de ser divertido e contando uma história sem pretensões complicadas, apesar de tentar montar um cenário político relativamente complexo. Na verdade o personagem que Gary Oldman, que é o vilão do longa, é bem genérico, porém como quase tudo nesse filme cumpre seu propósito. Um bom longa para assistir na hora do jantar depois de um dia cansativo ou para ver junto com os amigos/amigas que curtem um bom filme de ação e querem dar umas risadas.

Publicidade
Share.
Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

Exit mobile version