Existe um subgênero de comédia que talvez nem tenha recebido um nome ainda. Consiste em um grupo de pessoas, geralmente amigas, saindo pela noite se metendo em problemas de forma engraçada e que acabam realizando algum arco pessoal de cada personagem. Eu adoro esse tipo de filme, mas geralmente o grande problema que possuem é o ritmo. É difícil manter uma história onde um evento precisa desencadear outro imediatamente, sem poder fazer lapsos de tempo para pular para um dia seguinte, ou algo assim. Fun Mom Dinner segue essa cartilha e esbarra nessa questão, mas se sai bem dentro dessas histórias que se passam em um dia.
Um grupo de quatro amigas decide sair numa noite para curtir um pouco. Todas possuem suas questões como mães que sentem que estão perdendo parte da graça de suas vidas – pois caíram numa rotina entediante e pouco emocionante. Nessa noite elas saem sem se preocuparem com nada e acabam gerando diversas situações cômicas.
Recentemente eu fiz a crítica de um filme chamado “A Noite É Delas” que trabalha com um conceito extremamente parecido, mas é um filme bem fraco no que diz respeito a personagens. O acerto deste longa é justamente onde “A Noite É Delas” falha. Temos ótimas atrizes com personagens verdadeiramente interessantes e humanas, e não estereótipos ambulantes. Boas falas e boas personagens escritas por Julie Rudd, que realmente construiu um roteiro interessante. Temos ótimas conversas sobre como é ser mãe, como lidar com a vida adulta e como cada uma lida com estresse. É realmente muito fácil gostar de cada uma delas e se importar com a questão pessoa de cada uma.
Toni Collette faz uma personagem cansada de tudo e um tanto cínica em relação a amizade e a interação social como um todo. Molly Shannon é uma recém-divorciada que está viciada em redes sociais. Bridget Everett é brigona e descarada, é de longe a personagem mais interessante de todas. Katie Aselton é a que mais parece ser uma protagonista do grupo e precisa resolver questões sexuais do seu casamento, a personagem mais clichê das quatro. O que dá um ótimo tempero para esse longa. Elas brigam, zoam e tentam resolver seus dilemas das formas mais cômicas possíveis. É verdadeiramente divertido acompanha-las pela noite, principalmente quando começam a fumar maconha.
O filme também parte para uma pequena história paralela dos maridos de duas delas. Rob Huebel contracena com Adam Scott com alguns diálogos interessantes, mas não tão interessante quanto do grupo feminino. Isso quebra um pouco o ritmo divertido que elas constroem. Outro problema desse roteiro é que, por mais que as quatro sejam interessantes, elas não são colocadas em situações realmente instigantes. Por isso o filme em seu segundo ato ganha alguns bolsões de marasmo onde nada realmente é muito engraçado, algo que esbarra um pouco no terceiro ato.
A direção de Alethea Jones é bem padrão e sem nada muito de especial. Ela simplesmente deixa a câmera ligada, pois sabe que suas atrizes são muito boas e com boas falas. Único momento interessante é quando temos um match-cut e só. Entretanto, Fun Mom Dinner é um filme divertido e talvez seja altamente eficiente como entretenimento para mulheres que são mães, pois os diálogos que ocorrem são bem verdadeiros sobre maternidade e como lidar com as responsabilidades. Um filme engraçado que pode falar diretamente com mães dispostas a dar uma risada. Talvez seja um ótimo filme para ver com sua “genitora” caso ela não tem problemas com maconha, conversas sexuais e coisas do gênero. Esse filme também serve para colocar Bridget Everett em seu radar, pois ela é uma atriz muito boa e engraçada, e pode te fazer a levar outros filmes com ela.
Fun Mom Dinner
Nota