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Estamos no mês de outubro, o que significa que diversas produções cinematográficas vão se dedicar a lançar filmes de terror ou de alguma forma conectadas ao Halloween. É o caso dessa nova produção da Netflix O Halloween do Hubie que conta com Adam Sandler como protagonista. O serviço de streaming virou a nova casa desse ator de comédia que divide opiniões e que lança pelo menos dois longas por ano.

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Hubie vive na cidade de Salem e é uma das figuras mais odiadas de lá. Constantemente ele é atacado pelos cidadãos da cidade mesmo que ele só tenha boas intenções em cuidar da comunidade. Mas na noite de Halloween coisas verdadeiramente sinistras e perigosas acontecem e esse ingênuo protagonista tentará fazer seu melhor, mesmo que ninguém à sua volta acredite que o perigo é real.

O grande problema desse filme está em seu tom. Ele não sabe se quer ser uma comédia mais padrão, e pé no chão, ou se quer ser espalhafatosa como “Corra que a polícia vem aí” ou “Aperte os cintos que o piloto sumiu”. Em dado momento os personagens estão conversando como pessoas normais, mas parece que alguém gira a alavanca da insanidade e todos se comportam de forma completamente louca. Isso acaba sendo um problema mortal porque não temos referência do que é normal e do que é verdadeiramente exagerado nesse mundo. Isso faz o personagem de Sandler parecer comum, o que é intenção oposta do roteiro que tenta apresenta-lo como singular.

A segunda falha mortal está num dos conceitos centrais do filme que é a cidade de Salem. Historicamente esse lugar ficou marcado nos EUA como o grande caso de bruxaria na colonização. Diversas mulheres inocentes foram queimadas pela alegação de serem bruxas numa onda de histeria em massa. Por isso tal cidade virou sinônimo de bruxaria nos EUA. Levando isso em conta o filme tenta colocar os moradores da cidade como os maiores babacas da face da terra e Hubie como uma vítima, da mesma forma que seus antepassados foram acusados de serem bruxas.

Ser o bobão da cidade e ser acusado de bruxaria são duas coisas completamente diferentes e nada tem haver com o que aconteceu na história de Salem. Essa conexão não faz o menor sentido. A forma como os moradores são representados beira a pura psicopatia. Vamos a alguns exemplos para ilustrar o que quero dizer. Um dos personagens joga Hubie na cova do seu recém falecido pai só para rir enquanto a viúva chora e uma moradora agride verbalmente uma mãe exclusivamente porque os filhos dela são adotados.

A verdade é que O Halloween de Hubie se torna muito desagradável, pois passamos cerca de uma hora e quarenta minutos vendo um personagem inofensivo sendo constantemente agredido por uma cidade inteira e de formas muito exageradas. Supostamente deveria ser engraçado ver esse exagero, mas o filme fica variando em seu tom então esses momentos acabam só ficando cruéis e sem sentido.

O elenco é de peso para quem gosta de comédia, contando com diversas pontas interessantes. No grupo feminino temos a hilária Julie Bowen, que você pode conhecer da série Modern Family, mas aqui ela se resume ao interesse romântico. Outra atriz divertida é Maya Rudolph. No elenco masculino temos a trupe que é comumente encontrada nos filmes de Adam Sandler como Kevin James e Steve Buscemi. Existem outros rostos conhecidos como Kenan Thompson, Ben Stiller, Ray Liotta e outras figuras curiosas, mas não estragarei a surpresa aqui, pois existem algumas boas.

Um terceiro problema, mas não tão grave, é o excesso de subplots. Se eles fossem engraçados e o filme possuísse consistência de tom, isso poderia não ser um problema. Mas como não é o caso! Esse excesso de subplots acaba deixando o filme bem chato, porque não nos importando com o que acontece com os personagens. O único ponto positivo é um pequeno mistério ao longo da narrativa que até tem suas surpresas, mas nada que justifique o filme como um todo.

A produtora de Sandler, Happy Madison Productions, já fez coisa muito pior ao longo dos anos. Apesar desse filme ser ruim não chega perto de outras atrocidades que fez recentemente com Sandler. No fim é um filme sem graça, um tanto chato, que muito provavelmente você esquecerá logo que terminar de ver.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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