Guardiões do Louvre é o primeiro mangá a ser publicado pela editora Pipoca e Nanquim e, de cara, eles chegaram trazendo um grande nome do meio dos quadrinhos japoneses. Jiro Taniguchi é um grande artista japonês com obras muito universais, que fogem do padrão clássico que esperamos de um mangá. A obra tem muito mais cara de quadrinho europeu, mas ao mesmo tempo mantém conceitos típicos de histórias produzidas no formato japonês.

Durante uma viagem pela a Europa, um artista japonês decide gastar seus últimos dias na França para visitar os diversos museus que existem por lá. Entretanto, ele é acometido por uma febre muito forte que o mantém na cama do hotel por um dia inteiro. Com o intuito de aproveitar o máximo de tempo que ainda lhe resta na cidade, ele decide focar suas atenções no museu do Louvre. Lá dentro, começa a ter delírios devido à saúde debilitada, que o fazem viajar pelo tempo e espaço.

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O objetivo de Jiro com este quadrinho é fazer uma grande homenagem à arte, principalmente a francesa, e explicar como ela influenciou a cultura japonesa e vice e versa. Seu protagonista fala diretamente com grandes nomes da pintura do passado e explora a relação desses dois países no quesito artístico. A história parece servir meramente para explicitar algumas informações sobre a história da arte e do próprio museu.

Fica bem claro que Jiro faz um quadrinho muito focado em artistas que ele admira muito. Não pense que será um quadrinho sobre a arte francesa como um todo ou até sobre a história do museu. Ele escolhe artistas e momentos em que ele claramente possui um interesse pessoal e que, de certa forma, conversam com a arte.
Falando em arte, ela é um ponto em especial. O termo “cada página é uma pintura” chega a níveis literais neste caso. Poucas artes visuais em quadrinhos possuem o nível dessa HQ. Em algum momento, o traço de mangá (nos personagens) e a arte, que simulam pinturas clássicas (nas paisagens), se encontram em perfeita harmonia e é possível manter os olhos pelas páginas por muito tempo. Para quem tem um interesse maior na área de desenho, pintura e coisas do gênero, este é um quadrinho mais do que fundamental em termos de estudo e inspiração.

O roteiro em si já é mais difícil de analisar. De um lado, ele tem um caráter documental interessantíssimo e um cunho histórico incrível. Quando paramos para pensar na história do protagonista em si, a história parece bem rasa, mas claramente como um mecanismo para explicitar as informações que o autor deseja passar. Em alguns momentos, Jiro tenta dar alguma profundidade ao seu protagonista, mas de forma bem rápida. O quanto você vai se conectar com Guardiões do Louvre vai depender da necessidade que você possui de uma narrativa mais conectada com um individuo (ou quanto você se conecta com o campo da pintura no geral). Também não existem grandes conexões narrativas das informações históricas entre si. Uma hora vemos a Paris da década de 30, depois a vida de Van Gogh e diferentes recortes históricos.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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