My Dress-Up Darling – ‘Sono Bisque Doll wa Koi o Suru’ (1ª Temporada)│Crítica

Alguns animes nos fazem lembrar como esta mídia é realmente encantadora. A capacidade de transformar quase qualquer coisa, seja ela uma aventura, um esporte, um hobby ou, até mesmo, o simples cotidiano de uma vida normal em algo interessante é simplesmente incrível. E ao assistirmos Sono Bisque Doll (ou My Dress Up-Darling no ocidente) nós temos justamente este sentimento.

Na trama adentramos no mundo dos bastidores de uma aspirante a cosplay e da própria arte da costura das vestimentas para tal, ao mesmo tempo que acompanhamos o dia-a-dia de Wakana Gojo, um jovem aprendiz de kashirashi (um mestre artesão de bonecas tradicionais japonesas), que vive momentos marcantes ao conhecer mais de perto Marin Kitagawa a menina esperta e divertida do colégio que sonha em ser uma cosplay famosa.

My Dress-Up Darling é adaptado do mangá homônimo escrito e ilustrado pela Shinichi Fukuda. Os capítulos são lançados pela revista Young Gangan, da editora Square Enix, publicado desde janeiro de 2018. A adaptação em anime é produzida pelo estúdio CloverWorks e estreou em 8 de janeiro de 2022 tanto no Japão quanto aqui no Ocidente (através da Crunchyroll). Nesta primeira temporada o anime conta com 12 episódios no total.

A maior qualidade de My Dress-Up Darling é justamente a construção não só dos personagens principais como também, e principalmente, do relacionamento entre os mesmos. Acompanhamos o início da parceria entre Gojo e Marin evoluir para algo a mais ao longo dos episódios de maneira fluida, convincente e humana. Não há como assistir o relacionamento se desenvolvendo sem um sorriso no nosso rosto enquanto lembramos com certa nostalgia estes mesmos momentos que vivemos em nossas vidas em algum momento.

Essa é a arte dos animes “slice of life“, fazer dos pequenos momentos de uma vida simples tão saborosas quanto a de um super-herói salvando um planeta. Sem precisar de super força ou golpes mortais. E ainda assim Dress-Up Darling não ficaria pra trás nem no quesito animação, contando com movimentos muito fluidos onde percebemos bastante esmero na produção. Os traços e artes do desenho são muito belos, não só na paisagem e poses retratadas, mas como também na própria relação com a fotografia do anime, que explora a iluminação e enquadramento não só para seu design artítico como também para o enredo de seus episódios.

Acabamos por enveredar nesse mundo de fotografia, maquiagem e costura através do anime que explora com inteligência os temas, sabendo explicar ao espectador vários conceitos básicos interessantes sem se aprofundar ao ponto de ficar chato. Ao mesmo tempo que homenageia o próprio espactador representando o amor de Marin pelos seus animes favoritos. Marin é uma otaku de marca maior, e ao tocar, assistir e querer homenagear seus personagens preferidos, a obra acaba realizando uma metalinguagem interessante.

E esse mesmo cuidado e inteligência podemos observar quando My Dress-Up Darling tem algumas cenas mais sensuais. Explorando a sensualidade de Marin sem objetificar a personagem, coisa que acontece aos montes nos animes por aí. A obra consegue provar que é possível termos cenas muito sensuais, dentro de um contexto e sem apelações (como no episódio do motel). Por outro lado também acontece um deslize com a “Juju-san” nesse quesito, na cena em que ela conhece Gojo pela primeira vez (no banho). Mas acaba entrando na cota de coisas que aceitamos desde que o anime seja bom.

My Dress up é um anime gostoso de assistir numa tarde tranquila. Os 12 episódios desta temporada passam num piscar de olhos e no fim acabamos totalmente envolvidos nessa relação onde se torna quase impossivel nao “shippar” o casal Gojo e Marin. Fica a expectativa para a segunda temporada que ainda não tem data confirmada, mas que já estamos ansiosos aguardando.