O novo filme do diretor Edgar Wright conta a história de duas personagens que estão separadas no tempo por 5 décadas, porém unidas por um quarto no coração de uma maliciosa Londres. Noite Passada em Soho trabalha explora o feminino em âmbitos diferentes: desde a inocência e vivacidade da protagonista Eloise (vivida por Thomasin McKenzie) até a ambição e posterior vingança de Sandy (Anya Taylor-Joy). 

Noite Passada em Soho conta com fotografia e trilha sonora belas e marcantes, o que já uma marca de Edgar Wright. As músicas adaptadas para a trilha se encaixam perfeitamente na história e constrói um clima onde o contraste entre o moderno e o antigo se unem assim como o plot. A jovialidade e ingenuidade de Eloise que é uma adoradora de músicas antigas e discos de vinil ao mesmo passo almeja se formar em moda na Universidade em Londres, onde a moda geralmente é aquilo que combina com o moderno retrata bem esse contraste. Porém Eloise possui um dom não muito bem explicado de ver espíritos, e quando ela vai para Londres tentar sua sorte parece que seu dom é amplificado de alguma maneira. 

No primeiro ato temos uma construção de personagem satisfatória porém já vemos no roteiro do filme a utilização de alguns recursos já batidos. E rapidamente já começam a aparecer alguns clichês como o da caloura entrando em universidade e convivendo com veteranas escrotas. Aquela mesmice chata de high school americano. O lado positivo é que Noite Passada em Soho não se prende a isso e avança para o que realmente quer contar, o elo entre as personagens Eloise e Sandy.  E aqui temos Anya Taylor-Joy esbanjando todo seu carisma na pele de Sandy. Edgar Wright explora toda a sensualidade e glamour das boates da Londres da década de 60, assim como também a perversidade que vem acompanhando a mesma. Por um momento podemos achar que o filme é sobre como a cidade fagocita os sonhos de quem chega nela, e de certo é Noite Passada em Soho é sobre isso, porém urge mais forte em tela, com o passar dos 116 minutos de duração do filme, é o que as personagens se transformam após seus momentos de quebra.

Eloise tem seu ego frágil sendo alimentado à medida que vive as experiências de Sandy no passado. Chegando ao ponto de tentar assumir a aparência e personalidade da mesma. E em determinado momento fica difícil para a personagem perceber o que é real em sua vida, e aqui começamos a ter alguns defeitos maiores do longa. A atriz acaba fazendo das atuações mais caricatas possível, deixando a personagem como pouco inteligente e chiliquenta. Mas o mistério que surge da metade pro fim do filme é o ponto mais fraco da história. Eloise entra numa trip que consome sua sanidade enquanto o roteiro começa a apresentar inconsistências para sustentar tal mistério. E essas inconsistências se mantém até o final, culminando em um plot twist de fantasma dos mais manjados possíveis no clímax do terceiro ato, com direito a mãos que aparecem do chão que impedem a protagonista de andar, mas que na verdade queriam é ajudar a atrapalhada protagonista.

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Noite Passada em Soho é um longa que tem lá seus momentos com suas músicas, cores e personagens interessantes num primeiro momento, porém, no apagar das luzes, sente falta de algo mais substancial no roteiro para um engendramento melhor do mistério e na perda da sanidade da nossa protagonista atrapalhada.

Análise

6.0
  • Nota 6
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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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