Em abril de 2013 o mundo se mobilizou com os ataques com bombas caseiras na maratona de Boston. Em um primeiro momento houve dúvidas de um possível ataque terrorista, dúvida essa que se concretizou e, assim, iniciaram as investigações para descobrir os autores do ataque. Dentro de uma semana, com a ação conjunta entre a policia de Boston e o FBI, descobre-se os terroristas – os irmãos chechenos Dzhokhar Tesarnaev e Tamerlan Tesarnaev – e seus motivos para o ataque. E é essa a história que vamos que O Dia do Atentado conta.

Filmes com a temática de recontar fatos históricos está longe de ser uma novidade, é o tipo de obra que Hollywood apoia, uma exaltação do famoso patriotismo americano. Particularmente acho um tipo de filme um tanto quanto perigoso, a linha entre um filme de exaltação do ego e o ódio às outras culturas é muito tênue, precisa ser feito por alguém que saiba passar empatia e que de fato entregue uma boa mensagem. O diretor e roteirista Peter Berg é esse cara. ““Berg tem esse “feeling” pra fazer esse tipo de obra, já havia mostrado isso em” The Leftovers” (melhor série da atualidade, VEJAM!) em que é diretor e produtor de boa parte dos episódios.

Como de costume nesse tipo de filme, contamos com um elenco recheado de ótimos atores, não podemos reclamar de atuação no longa. Se destacam como protagonistas o agente especial Richard DeLauries (Kevin Bacon) e, o muito carismático, Mark Wahlberg, que, pra variar, interpreta um policial, nesse caso o policial Tommy Saunders. Por um lado, Bacon consegue passar as dificuldades desse tipo de operação, desde localizar os criminosos até a dureza de manter os avanços em sigilo, longe da mídia em geral. Já Wahlberg tem um difícil papel para si, transmitir a emoção e o abalo da comunidade com os ataques, além de obter êxito neste quesito, Wahlberg sustenta o peso heroico do longa com uma mensagem muito bonita que seu personagem faz em uma conversa informal. Temos ainda a excelente participação de J.K. Simmons, que já da um gostinho do que pode ser o seu papel como Comissário Gordon em The Batman.

Na parte técnica Peter Berg controla o ritmo do filme com excelência, como é de sua característica. Em momentos de conversas e desenvolvimento de vínculos ele coloca a sua câmera de uma forma trêmula para passar o tom de algo pessoal, quase uma sensação de vídeos caseiros, um toque pessoal a mais do diretor. Também somos brindados com tomadas aéreas lindíssimas da cidade de Boston, é de encher os olhos. Seu roteiro não possui grandes alardes, afinal, essa história já foi contada, só cabe a ele gerar a nossa empatia aos seus personagens.

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O Dia do Atentado está longe de ser um filme revolucionário, é bem simples como proposta e tem uma execução eficaz. Como já foi dito, possui um elenco excelente e um grande diretor conduzindo a trama. Por mais que o conceito do “o amor vence tudo” seja vago e muito repetitivo, acho que nesse caso rebater o ódio com mais ódio também não é o caminho. Em tempos de relações geopolíticas muito voláteis, a exaltação da tolerância é sempre bem vinda.

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