O Poço da Ascensão é o segundo volume da Primeira Era de Mistborn. Para ler a resenha do primeiro volume (O Império Final), clique aqui.

O primeiro volume de MistbornO Império Final – serviu para deixar claro por que Brandon Sanderson é uma referência dentro da literatura fantástica. Agora em O Poço da Ascensão, comprovei que ele consegue ir além e dar ainda mais profundidade a uma trama que já era complexa, sem negligenciar seus personagens. Muito pelo contrário, Sanderson acrescenta outras camadas a eles e desenvolve esse universo como um todo.

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Depois de conseguirem o que parecia ser impossível, Vin e o bando de Kelsier precisam reconstruir o império. Porém eles descobrem que reunificar o território sem a figura central do Senhor Soberano não será uma tarefa fácil. Enquanto aprendem estratégia militar, política e diplomacia, o grupo tem de lidar com a ameaça de inimigos internos e externos que buscam invadir Luthadel e assumir o controle. A única esperança é a lenda vaga sobre o Poço da Ascensão que, mesmo se for real, ninguém conhece sua localização.

Esse livro é um ótimo exemplo de que “a história não acaba quando acaba”. Em O Império Final, derrotar o Senhor Soberano parecia algo tão difícil que era a única coisa que importava no momento. Contudo, ninguém imaginava que o passo seguinte seria ainda pior. Agora, Vin e seus amigos têm nas mãos um império fragmentado com vários reis, ameaças de guerra por todos os lados e os skaa, a classe mais pobre, ainda se sentem deslocados. Isso provoca uma reflexão tanto nos protagonistas quanto nos leitores sobre até onde vai o preço da liberdade e qual a função de uma figura de liderança por mais inadequada que ela seja em alguns aspectos.

Tantos desafios e dilemas exigem novas posturas dos personagens, o que os obriga a evoluírem de maneira significativa. Sanderson consegue mostrar essa evolução de forma gradativa especialmente em Vin, cujo poder alomântico é um dos maiores atualmente. Porém, quem mais se destaca é Elend, que tem um dos arcos de amadurecimento mais bem construídos da trama. No entanto, o desenvolvimento deles não teria sido completo sem a adição de novos personagens que contribuem diretamente para isso. O primeiro deles é Zane, outro alomântico poderoso, mas de uma complexidade que o torna imprevisível em suas ações. A segunda é Tindwyl, uma guardadora com uma personalidade difícil que detém grande conhecimento.

Outro ponto que ganha continuidade é a lenda do Herói das Eras e a sua luta contra as Profundezas. A maneira como novas informações sobre isso foram introduzidas soa convincente e serve para uma revelação que me pegou de surpresa bem no final. Agora finalmente podemos descobrir o que são essas tais Profundezas e o perigo que elas representam.

Se no primeiro volume o ritmo da narrativa foi um pouco mais lento, O Poço da Ascensão compensa esse fato com cenas de ação e batalhas que provocam arrepios pelo impacto que causam e pela forma como são descritas. Mesmo assim sobra espaço para as conspirações, intrigas e reviravoltas que tornam a trilogia tão profunda.

Ao terminar a leitura, o gancho para o terceiro e último livro foi tão forte que me deixou com vontade de iniciar logo O Heróis das Eras para descobrir o que irá acontecer. E da mesma maneira que a trama se aprofundou do primeiro para o segundo volume, tenho certeza que acontecerá o mesmo no seguinte.

O Poço da Ascensão é, até o momento, o melhor dos livros da Primeira Era de Mistborn por diversos motivos. O principal deles é o fato de que nenhuma situação é tão ruim a ponto de que não possa piorar. Acredito que os amantes da fantasia irão me entender, pois é muito bom ver o desenvolvimento da obra para algo ainda mais intrincado e que ponha seus personagens à prova, mas sempre mantendo a coerência tal como Brandon Sanderson faz.

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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