Em 23 de novembro de 1963 foi exibido o primeiro episódio de uma série sobre o tempo e o espaço que poucos anos depois ficou conhecida também pela temática do recomeço graças à habilidade do protagonista que podia alterar seu corpo e personalidade como forma de escapar da morte. Infelizmente, em 1989 essa produção saiu do ar por conta de várias questões e só tentou “ressurgir das cinzas” em 1996. Nesse ano, era lançado Doctor Who: O Senhor do Tempo, um telefilme que ensaiou o retorno do Doutor mas que fracassou mesmo não sendo tão ruim em seu resultado final.

Doctor Who: O Senhor do Tempo se passa em 1999, às vésperas da virada do milênio, quando uma misteriosa cabine de policia azul se materializa em Chinatown durante um tiroteio. Em seu interior, dois eternos rivais e viajantes do tempo. Um deles é conhecido como O Mestre. Ele foi julgado em Skaro e considerado culpado de uma “lista de crimes do mal”. Sua sentença de morte foi realizada pelos Daleks e agora chegou o momento de realizar seu último desejo: ter seus restos mortais devolvidos à Gallifrey por seu arqui-inimigo, o Doutor, atualmente em sua sétima regeneração (Sylvester McCoy). Durante a viagem na TARDIS, algo ocorre fazendo com que a caixa contendo o Mestre quebre e ele escape dela. Sua essência entra na TARDIS, causando problemas nos controles e a força a pousar na Terra.

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A apresentação da trama já deixa claro que se trata de uma aventura formatada como uma reintrodução da série, o que justifica certos didatismos utilizados pelo roteiro escrito por Matthew Jacobs. Isso é desnecessário em alguns momentos, como o fato de vários relógios serem mostrados em cena apenas para nos lembrar que o protagonista é um viajante do tempo ou o fato dele repetir que tem dois corações algumas vezes sem necessidade. Esse detalhe também vem acompanhado de algumas características comuns de filmes da década de 90, como é o caso da caracterização estilo “bad boy” do Mestre (Eric Roberts) com jaqueta de couro preta e óculos escuros. Felizmente, esse visual não dura muito e logo temos uma versão do figurino clássico dos Senhores do Tempo. Basicamente, esse é o único ponto positivo em relação ao intérprete do antagonista em questão já que sua atuação caricata incomoda e é facilmente esquecível.

Apesar disso, Doctor Who: O Senhor do Tempo tem muitos pontos positivos quando o assunto é a oitava regeneração do Doutor (Paul McGann). Em sua apresentação, há algo inclusive que merece um destaque especial. A cena se destaca ao mostrar a regeneração que apesar dos efeitos bizarros acaba se encaixando bem com a sequência que emula filmes de terror. Soma-se a isso uma ótima atuação, aliada à trilha sonora bem colocada e uma referência ao filme clássico de Frankenstein sendo exibindo em uma TV enquanto ele desperta no necrotério, algo que traça um paralelo interessante com a sua situação.

Outro detalhe digno de nota está na personalidade desse Doutor. Agitado, apreciador de música clássica e com uma certa mania em citar fatos históricos e até mesmo alguns spoilers sobre o futuro de algumas pessoas que conhece no caminho, ele com certeza desperta a curiosidade de como seria vê-lo novamente. Se isso acontecesse, seria mais do que apropriado que tivéssemos o retorno da Doutora Grace Holloway (Daphne Ashbrook), uma companheira que cativa mesmo com pouco tempo de tela. Suas interações funcionam muito bem para a trama e não incomodam em nenhum momento.

Apesar de tudo, a forma como a trama do telefilme é executada em si não é tão ousada  como poderia ser e por isso a dupla acaba sendo desperdiçada em tela com uma aventura contida e apressada. Sobre isso, deve-se salientar que se o roteiro optasse por mostrar as consequências do plano do Mestre em larga escala talvez o resultado final teria sido mais empolgante e não apenas  bom.

De qualquer forma, Doctor Who: O Senhor do Tempo não merece cair no esquecimento. Além de ser a primeira entre as poucas vezes que veríamos o oitavo Doutor na TV, essa tentativa serviu de aprendizado e ao mesmo tempo de inspiração para certos elementos que foram utilizados no retorno oficial da série em 2005. 

Assista ao trailer:

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Doctor Who – O Senhor do Tempo

7.0 Bom!
  • Nota 7
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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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