Em 1978 um garoto chamado Finney é sequestrado por um misterioso serial killer que vem aterrorizando sua cidade. Em seu cárcere ele entra em contato com um misterioso telefone preto, que aparentemente nem deveria funcionar, mas que de alguma maneira permite que ele tenha contato com as demais vítimas já falecidas de seu captor. Essa é a sinopse de O Telefone Preto do mais recente filme de terror que vem chamando muita atenção da crítica e do público.

Dois dos fatores que fizeram esse filme ter alguma atenção foi o fato dele ser uma adaptação de um conto de Joe Hill e ter a direção de Scott Derrickson, que dirigiu o primeiro filme do Doutor Estranho e O Exorcismo de Emily Rose, além de alguns outros filmes de terror interessantes.

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Entretanto, vendo o filme, percebemos que ele acaba sendo, em sua maior parte, muito mais um suspense com fortes toques de drama do que propriamente um filme de terror no sentido clássico. Portanto, acredito que aqueles que não assistem filmes de terror de maneira nenhuma talvez possam se arriscar com esse título. Mas isso não significa que não tenhamos temas e cenas fortes de violência e abuso na história.

As atuações chamam a atenção pela qualidade, especialmente três. O primeiro deles é o nosso protagonista, interpretado por Mason Thames. Ele realmente nos faz acreditar na situação extrema que está passando e que fiquemos na torcida pela sua vitória contra seu sequestrador. A segunda atriz é Madeleine McGraw que interpreta uma personagem que facilmente pode se tornar chata por ter a personalidade muito forte e constantemente desafiar outros personagens. Mas graças a um ótimo trabalho dela, e uma boa adaptação de roteiro pelo próprio Derrickson e C. Robert Cargill (que também escreveu Doutor Estranho e A Entidade). A irmã do protagonista, vivida por McGraw, é tão interessante que quase que se torna uma segunda protagonista.

O terceiro ator em evidência, obviamente, é Ethan Hawke como o grande vilão. Neste filme ele foge bastante dos estereótipos que esse tipo de personagem geralmente apresenta, como atuações exageradas com rompantes de gritos e movimentos expansivos. Na maior parte do tempo ele utiliza de movimentos, postura corporal e tom de voz, que são contidos, até por que sua atuação é na maior parte por trás de uma máscara que cobre todo o rosto.  Realmente temos uma sensação de que estamos vendo algo novo em um tema bem batido.

Provavelmente alguns terão problemas com certos elementos que são deixados em aberto ao longo do filme. De fato alguns deles seriam interessantes a serem explorados, mas esse é um equilíbrio delicado, pois rapidamente pode-se cair no pecado de explicar tudo excessivamente. A resolução de determinadas questões também podem vir a ser questionadas ao longo do terceiro ato, mas nada muito grave.

De modo geral O Telefone Preto é um filme de terror e suspense muito acima da média. Scott Derrickson mostrou um estilo diferente de seus outros filmes de terror como A Entidade e Livrai-nos do Mal, principalmente no quesito tom. Para os fãs de Joe Hill também é uma ótima pedida de uma adaptação que sintetiza bem o estilo de suas histórias, gastando boa parte do início do filme para propriamente mergulharmos na vida dos protagonistas antes de adentrar no terror em si.

O Telefone Preto (2022)

8.0 Ótimo!
  • Nota 8
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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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