A palavra invenção pode ser facilmente associada a muitas outras como pioneirismo, criatividade e imaginação. No livro A Invenção de Hugo Cabret, de Brian Selznick, essas questões são abordadas em uma narrativa dinâmica que mistura texto e imagem. Esta relação criativa entre linguagens fica explicita logo de inicio com a seguinte introdução: “Mas antes de virar a página, quero que você se imagine sentado no escuro, como no início de um filme. Na tela, o sol logo vai nascer, e você será levado em zoom até uma estação de trem no meio da cidade.” Por esse motivo, não é a toa que as primeiras ilustrações levam o leitor a ter exatamente esta sensação de uma história sendo projetada nas páginas de um livro. Isto fica melhor ainda quando se percebe a necessidade de dar vida aos personagens através dessas imagens sequenciais do mesmo modo que ocorre durante a leitura de uma história em quadrinhos.

Tudo isso não manteria o leitor preso nas páginas do livro sem uma trama interessante. Neste quesito, A Invenção de Hugo Cabret tem um saldo positivo pois entrega uma premissa com muito mistério e suspense. Na história, conhecemos o menino orfão Hugo Cabret que vive escondido em uma estação de trem de Paris. Lá, ele cuida do funcionamento de gigantescos relógios desde o desaparecimento do seu tio. Após o término de seu trabalho, ele procura consertar uma máquina de aparência humana para desvendar uma mensagem oculta. Para atingir seu objetivo, ele utiliza peças de brinquedos roubados. No entanto, seus planos mudam quando ele é descoberto por Georges, o dono da loja de brinquedos, e sua sobrinha Isabelle.

Apesar desta introdução deixar claro apenas a trama principal, fica o aviso de que quem se aventurar pelas páginas deste livro encontrará muitas outras histórias interessantes. Cada uma com seus mistérios que vão sendo desvendados aos poucos e que se entrelaçam de forma única. De certo modo, é uma experiência de leitura parecida com A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón. Mesmo com estilos totalmente diferentes, os dois autores têm em comum a capacidade de envolver seus leitores sem dificuldade nenhuma.

Outro aspecto interessante sobre A Invenção de Hugo Cabret é como o autor referencia e ao mesmo tempo homenageia Georges Méliès, o grande pioneiro do cinema. Para quem não sabe, ele foi responsável por criar os primeiros filmes de ficção da história no fim do século 19. Após assistir a exibição do primeiro cinematógrafo, criado  pelos Irmãos Lumière, ele viu o potencial que havia nesta invenção para dar vida às suas ideias. Estes fatos históricos são utilizados por Brian Selznick e misturados com sua trama envolvendo Hugo Cabret.

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Inclusive, é graças a este protagonista que vamos desvendando todos os mistérios. Talvez o mais importante deles seja a mensagem que máquina de aparência humana, o qual todos chamam de autômato, pode desvendar ou a relação entre ela e Georges. No entanto, o que mais intriga é: Qual seria a verdadeira invenção de Hugo? A resposta para isso fica para os minutos/páginas finais deste livro-filme e fazem valer a pena o seu ingresso neste mundo fantástico e cheio de imaginação criado por Brian Selznick.

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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