A literatura fantástica nacional tem ganhado cada vez mais destaque entre os leitores brasileiros. Desde os nomes mais conhecidos – como Carolina Munhóz, Raphael Draccon e Eduardo Spohr – até os escritores que estão estreando agora, o nível de ambição das histórias e a criatividade mostrada vêm aumentando de qualidade consideravelmente. Entre esses novos autores, está o carioca Diogo Andrade, que nos apresenta o mundo dos monges guerreiros em A Canção dos Shenlongs.
A trama conta a história dos monges de Shanjin, o Templo da Montanha, um dos últimos Quatro Templos que se isolaram do Império de Housai. Dentre seus habitantes destaca-se Mu, um jovem guerreiro que chegou ainda criança a Shanjin junto com o irmão, Ruk. Porém, os dois são obrigados a se separar quando Ruk infringe as leis monásticas e é expulso do Templo. Assim, Mu se vê dividido entre seguir o irmão ou se manter um shenlong, seguindo o caminho da retidão. Tudo piora quando um misterioso espadachim chega trazendo notícias sobre um futuro ataque das forças do governo dirigido aos Quatro Templos. Com isso, os shenlongs se veem obrigados a reforçar suas defesas e a se armar para a batalha que se aproxima.
Um fato curioso sobre o livro de Diogo é que sua narrativa fantástica é voltada totalmente para os costumes orientais: as artes marciais, religião, costumes e tradições, e também traços da filosofia budista. O autor se vale de todos esses elementos para criar um mundo próprio, com suas leis e deuses particulares. Ainda assim, podemos perceber referências à cultura pop, principalmente a Dragon Ball quando se trata do uso e liberação do chi. Outra lembrança a qual a trama nos remete são os filmes chineses épicos de kung fu, em particular os mais antigos, o que de certa forma dá um gosto nostálgico a quem assistiu a essas películas.
Por conseguinte, as cenas de luta são narradas de forma fluida, possibilitando que os leitores tenham uma visão clara do que se passa. Todos os momentos de ação tem uma justificativa inserida no contexto, não sendo de forma alguma um simples pretexto para entreter o leitor com um combate aleatório, como é muito comum de se ver (e ler) em enredos que envolvem lutas e batalhas.
Apesar de ser uma narração com começo, meio e fim, é preciso esclarecer que este livro é uma introdução a esse novo universo, que fará ligação com eventos futuros contados no próximo romance do escritor, o que justifica ser uma obra curta. Mesmo assim, a experiência de leitura teria sido ainda melhor caso houvesse um desenvolvimento mais detalhado de alguns personagens, especificamente da relação entre os irmãos Mu e Ruk e da formação do caráter deste último, partindo de acontecimentos da infância até a vida adulta.
Por fim, A Canção dos Shenlongs é mais uma mostra de como a literatura fantástica brasileira está se desenvolvendo e ganhando popularidade. Com uma narrativa envolvente que te leva a ler até o fim bem rápido, tudo indica que Diogo Andrade deu início a uma saga épica que possui todos os elementos necessários para cair nas graças dos leitores.
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