A Torre Negra é a obra mais longa de Stephen King, tanto pelo seu tamanho quanto pelo tempo que levou para ser escrita. Lobos de Calla, quinto livro dessa saga épica, foi publicado em 2003, seis anos após o volume anterior, Mago e Vidro. Sua concepção também foi posterior ao grave acidente que quase matou King em 1999, fato este que serviu como um alerta para que ele concluísse, enfim, a busca de Roland Deschain e seu ka-tet pela Torre.

Após os acontecimentos anteriores, Roland, Eddie, Susannah, Jake e Oi retomam sua jornada pelo caminho do Feixe de Luz. Porém, durante o trajeto, eles são abordados por um grupo de habitantes de Calla Bryn Sturgis, uma pequena cidade na fronteira do Mundo Médio, onde o nascimento de gêmeos é algo corriqueiro. A pequena comissão vai ao encontro deles procurando ajuda contra os Lobos, seres misteriosos que a cada geração retornam à Calla para capturar uma criança de cada par de irmãos, devolvendo-as tempos depois, mentalmente incapacitadas. Enquanto isso, em Nova York, no ano de 1977, uma ameaça ronda o terreno baldio onde floresce a Rosa, a representação da Torre no nosso mundo. Assim, o Pistoleiro e seus amigos precisam lidar ao mesmo tempo com dois problemas em mundos e épocas diferentes.

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De todos os livros até agora, este é o que mais lida com o Tempo e com coincidências que, na verdade, são regidas pelo ka – ou destino, em outras palavras. Mais uma vez, um número frequentemente mencionado nas narrações de King ganha destaque: 19. De alguma forma inexplicável, esse número está presente nos acontecimentos em torno dos protagonistas e, a cada vez que eles não conseguem encontrar uma explicação lógica para um ocorrido, simplesmente “é o 19”, como dizem. Essa superstição quase paranoica em torno disso amplifica a aura de suspense da trama, deixando-a mais instigante.

 Entre as “coincidências” existentes está o surgimento de um personagem já conhecido de outra obra do autor, o padre Donald Callahan, saído diretamente do segundo romance publicado por Stephen King: A Hora do Vampiro (Salem’s Lot), de 1975. O destino do padre está atrelado à missão de Roland e seus companheiros, fazendo com que ele seja um personagem de relativa importância. Contudo, o ponto negativo do livro é justamente a apresentação demorada desse novo integrante. A narração perde muito tempo descrevendo o passado de Callahan, se alongando em fatos que pouco contribuem para a história principal para, só então, fazer o elo de ligação com o objetivo dos Pistoleiros.

Fora isso, a premissa da trama mais uma vez acerta ao fazer o contraste entre elementos futuristas e ultrapassados. Nesse ponto, a demora do escritor em dar continuidade à saga da Torre trouxe benefícios, pois possibilitou que ele acrescentasse referências da primeira década dos anos 2000, sobre as quais os personagens não têm conhecimento, causando certa graça. Uma dessas referências gera tamanha surpresa que o leitor não acredita que realmente leu aquilo.

Assim sendo, Lobos de Cala não é o melhor livro da série A Torre Negra, mas mantém um padrão de qualidade satisfatório para uma obra de tal magnitude, com um final repleto de ação. Além de preparar o terreno para as fortes emoções que nos aguardam no próximo volume.

Adicione este livro a sua estante!

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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