No grande mercado da literatura nacional encontramos diversas tramas criativas e originais. Porém algumas delas, por melhor intencionadas que sejam, infelizmente são mal executadas. Esse foi o caso de O Eco do Machado – O Meio, o Início e o Fim, de Soares Mota.

A narração se divide em três partes para contar a trajetória do delegado da Polícia Federal, Diego Padavona, pelo mundo macabro dos psicopatas. Começamos pelo tempo presente, no que se mostra o caso mais difícil já enfrentado pelo policial, cujo objetivo é esclarecer uma série de assassinatos de padres. Depois, voltamos ao passado para conhecer o início da carreira de Padavona e entender mais sobre sua personalidade e metodologia para deter o atual assassino. Tudo isso tendo como pano de fundo a Psicologia e a Filosofia para embasar os personagens.

Pela sinopse, podemos esperar um thriller onde o embate maior se dá no psicológico dos personagens, em suas motivações e visões de mundo. Isso realmente ocorre em alguns momentos, tanto que conseguimos compreender o que move o assassino em seu ideal. Ideal este bem interessante e que explica o título da obra. Contudo, logo no início o suspense já é quebrado ao ser revelada a identidade do criminoso.

A partir daí, a atenção se volta para a forma de como capturá-lo, mas novamente os acontecimentos se desenrolam rapidamente, sem o desenvolvimento que merecem. Até as questões filosóficas permanecem rasas. O livro é pequeno, a versão em eBook tem apenas 216 páginas, então um aprofundamento na trama a valorizaria mais, visto que essas questões comportamentais são o que a diferem de um mero romance policial.

Além disso, a obra (ao menos no formato digital) apresenta um sério problema com a revisão. Os erros de digitação e gramaticais se repetem o suficiente para causar incômodo no leitor. Sem contar o estilo de escrita do autor, que repete em excesso o conectivo “e” em suas frases. Esse recurso geralmente serve para dar ênfase à ideia de acréscimo ou sucessão de fatos, mas ao longo da leitura fica claro que o objetivo não é esse.

Vale lembrar que a intenção aqui não é desmerecer o trabalho do autor, pois como foi dito no início, a ideia geral é boa, precisando apenas ser melhor explorada. Assim, O Eco do Machado poderia se tornar um bom thriller nacional.

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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