Esse foi um daqueles livros adquiridos no impulso: uma capa atraente, uma sinopse instigante e a descoberta de um autor até então desconhecido por mim… Tudo isso contribuiu para que eu desse uma chance para O Retrato, do romancista e dramaturgo americano Charlie Lovett. Porém, apesar da proposta interessante de mesclar eventos reais com ficção, a impressão final que o livro deixou não foi das melhores.

A trama principal se passa em 1995 e nos apresenta Peter Byerly, um vendedor e restaurador de livros raros que ficou viúvo há pouco tempo. Tudo começa quando ele encontra o retrato de uma mulher idêntica à sua falecida esposa escondido dentro de um livro antigo. Contudo, a pintura foi feita, no mínimo, um século antes. A partir daí, Peter passa a investigar a identidade do misterioso autor da aquarela e acaba esbarrando em uma obra perdida de William Shakespeare que pode revolucionar a Literatura mundial.

Até então, a ideia geral da história é bem atraente e, para incrementar a narrativa em terceira pessoa, os capítulos vão se alternando entre épocas passadas e o presente (nesse caso, 1995) de forma que podemos entender melhor algumas coisas com as quais Peter se depara. Entretanto, muitos desses capítulos que contam o passado são totalmente desnecessários e monótonos, atrapalhando o desenvolvimento do romance e tornando-o confuso.

A narração, como um todo, também deixa a desejar. A leitura vai se arrastando sem que nada nos motive a virar para a próxima página (eu mesmo só segui em frente por pura curiosidade e uma esperança remota de que poderia ficar melhor). As informações históricas são desinteressantes e os personagens reais mal aproveitados.

Já os personagens fictícios são o principal ponto fraco do livro. Tanto individualmente como interagindo entre si, todos foram mal desenvolvidos e mal caracterizados. A começar pelo protagonista, que desde muito jovem tinha síndrome do pânico e isso só foi mencionado casualmente no final. Os diálogos são ruins e os relacionamentos acontecem rápido demais e de formas muito improváveis.

Por fim, chegamos a um final previsível, desprovido de emoção e criatividade, digno de novela mexicana. Tudo pareceu muito fácil e o tal retrato do começo caiu para segundo plano, tendo sua importância totalmente reduzida.

Sendo assim, O Retrato serviu para provar que a qualidade de um romance não pode ser definida por uma capa bonita e uma sinopse bem trabalhada na contracapa. Além disso, fica clara a falta que faz uma figura carismática para criar empatia por uma narrativa.

Adicione este livro à sua estante!

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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