Jeff Lemire já é um dos roteiristas mais populares da nova safra dos últimos vinte anos na indústria das HQ’s. Nem tudo que ele escreve é genial, mas é inegável que ele mantém uma qualidade muito alta para uma produção muito intensa. Suas duas principais vertentes são os quadrinhos de super-herói (tanto Marvel quanto DC) e obras mais autorais e intimistas, geralmente publicadas pela Image. Um dos seus trabalhos mais recentes é a minissérie em três edições, Robin & Batman, que se propõem a contar uma história de origem de Dick Grayson, o primeiro Robin.

A arte é de Dustin Nguyen, que já desenhou outros materiais do Batman, mas junto com Lemire que já publicou HQ’s, como Ascender. Seu trabalho também é de uma das capas das edições. Uma espécie de aquarela com tons bem leves e uma delicadeza nos traços. É impressionante como ele consegue ser suave e ainda ter boas cenas de ação. Seus cenários não são muito detalhados, mas sempre cumprem o papel de situar a narrativa. Talvez a única crítica que eu faria é na ausência de expressões faciais mais bem definidas em momentos onde isso se faz necessário para entender os sentimentos dos personagens.

Apesar de serem somente três edições, essa minissérie possui mais páginas por edição. Uma edição mensal americana média possuiu entre 22 a 25 páginas, sendo as edições dessa minissérie tendo 45. A trama é bem direta ao ponto e é bem sucedida em nos mostrar a personalidade de Dick, e o que o torna um individuo único, apesar da sombra que Batman coloca em sua vida.

Como toda a história mais sérias que usam o Robin é preciso adereçar a questão de colocar uma criança para combater o crime. O roteiro de Lemire é muito bom nisso, já que ele se mostra consciente dessa questão, mas ao mesmo tempo cria um clima onde a ideia não parece bizarra, mas ao mesmo tempo é criticada por outros personagens. O tom flerta entre algo mais sombrio, mas com vários momentos mergulhando no estilo, e estética, da era de prata dos quadrinhos.

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Muitos clichês de histórias do Batman são usadas aqui, mas nenhuma delas chega a ser mal usada. O único problema seria o uso do Crocodilo como vilão. Não que ele em si seja uma péssima escolha. Até existe uma conexão interessante entre ele e Robin, mas que realmente precisava ser mais aprofundada para ter o peso dramático que o final da história necessitava.

Acho que essa é uma boa história para introduzir alguém ao universo dos quadrinhos, que talvez já tenham visto animações ou filmes, e que tenha interesse em adentrar nas HQ’s. Uma boa história de origem e com muita sensibilidade em tratar o personagem de Dick Grayson. Sem grandes pretensões, mas bem sucedida em sua simplicidade.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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