Uma das estruturas mais clássicas dos longas de animação é trabalhar com a relação pais e filhos. Geralmente um conflito de geração onde existe um desentendimento entre essas duas partes. O arco emocional se baseia na família e geralmente busca passar uma mensagem de aceitação. Rock Dog não foge desse conceito, além de passar a ideia obvia de “siga seus sonhos”.

Sinopse: Bodi mora no alto de ma montanha nevada e, por ser um cachorro, ele tem a função de proteger o vilarejo do ataque dos lobos. Seu pai é o maior responsável por essa vigilância e deseja que seu filho siga o mesmo caminho que ele. Quando um rádio cai na cabeça de Bodi ele percebe que sua verdadeira paixão é a musica e parte para a cidade grande na tentativa de se tornar um musico.

Bodi não é um protagonista muito carismático e sua conexão com a música é um tanto superficial. Na verdade esse é um problema que permeia todo o filme: personagens pouco interessantes. Todos parecem obedecer a arquétipos que já vimos antes, mas feitos de forma pouco inspirada. Talvez a figura que mais se destaca no filme seja o personagem Angus, a estrela do rock que luta contra um marasmo criativo para achar sua nova música.

Rock Dog também mistura diversos elementos que fazem a história, como um todo, ficar perdida. Temos uma trama relacionada a música, outra envolvendo lobos gangsters e, em dado momento, até mesmo poderes e salvar uma pequena cidade. Tudo junto e misturado, o que acaba gerando pouquíssimos momentos referentes à música efetivamente falando. O filme acaba tratando muito mais sobre ser famoso (numa imagética bem infantil deste conceito) do que do ato de fazer música. O filme tem alguns sucessos em cenas cômicas que apelam para o humor físico extremamente exagerado, típico de desenhos animados clássicos, enquanto outros tipos de humor quase não tomam a frente.

Em termos de animação, em si, fica evidente a falta de uma produção maior para fazer os cenários parecerem vivos. A vila onde vivi Bodi tem um aspecto morto e a textura do ambiente parece ser algo feito com a tecnologia dos anos 90. Se este fosse um filme feito neste período não haveria muito do que reclamar nesse sentido, mas o padrão subiu muito de lá para cá. Se fosse uma animação para a televisão estaria bem condizente. Na verdade é isso que esse filme parece: um desenho animado para televisão com mais minutos do que um episódio normal. Esse sentimento não é só causado pela qualidade da animação, mas também pelo seu roteiro simplista.

O filme se baseia no quadrinho “Tibetan Rock Dog” e o roteiro é creditado para 8 pessoas diferentes e conta com a direção de  Ash Brannon, que não demonstra nada de muito inventivo nesse trabalho. A dublagem americana conta com alguns nomes importantes como J.K Simmons, Jorge Garcia e Matt Dillon. A dublagem brasileira está ótima e acredito que ela acabe melhorando muito o longa, fazendo os personagens se tornarem mais carismáticos do que realmente são.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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