Em 1971 o governo americano já participava da guerra do Vietnã a 15 anos, apoiando ao Vietnã do Sul contra o “terrível monstro do comunismo”. A informação que era passada para população era de que os soldados americanos estavam com um ótimo desempenho e que a vitória sera uma questão tempo. Porém uma pesquisa vinha sendo feita pelo Departamento de Defesa apontava cada vez mais baixas, e uma derrota inevitável, revelando um desperdício não só de dinheiro, mas, principalmente, as vidas de jovens americanos que seguiam sendo enviados para a guerra. Um dos integrantes da pesquisa entrega ao The New York Times partes do estudo e o jornal começa a revelar as mentiras que vinham sendo contadas pelo pentágono.

Enquanto isso na capital, Kat Graham (Meryl Streep), a dona do The Washington Post, se prepara para uma investida na bolsa de valores, e assim melhorar a situação financeira do jornal. Apesar de ser uma empresa de herança familiar, Kat nunca se interessou por tocar o negócio. Com a morte de seu marido, coube a ela o comando do jornal, e é nesse momento que o editor chefe do veículo, Ben Bradlee (Tom Hanks), informa a Kat que chegou em suas mãos o material sobre os fatos escondidos pelo Pentágono e que quer pública-lo, mesmo com a punição do governo em cima do The New York Times. 

Nesse momento é onde brilha tudo que á de melhor no elenco. Meryl Streep precisa demonstrar o poder que possui, precisa superar desconfianças que seu nome gera no jornal. e escolhe um método genial para lidar com esses conflitos que foge do óbvio, não optando por atuação expansiva e agressiva. Temos cenas de poder interiorizado e muito mais sentido do que dito. Tom Hanks entrega o que é esperado dele, e entrega muito bem, diz muito mais com o olhar, e sua expressão, do  que com palavras.

Spielberg sabe tirar o melhor de atores excepcionai mais do que ninguém. Porém adquiriu umas características problemáticas em seus últimos trabalhos, faltou vida a redação de um jornal nos anos 70, tudo muito monocromático e sem vida. Outra coisa que incomoda são takes fechados no rosto dos atores que só geram estranheza. Não consigo enxergar um sentido narrativo para essa tomada de decisão, mas possui seu mérito e mesmo com problemas consegue proporcionar uma imersão naquela história e ele sabe contar histórias.

The Post é um filme que possui características muito parecidas com filmes recentes de Spielberg e com outros filmes jornalísticos, inclusive o vencedor do Oscar, Spotlight. Porém parece ter sobrevida a temporada de premiações e do rótulo de filme de Oscar, é o tipo de história que precisava ser contada. Pode não ser um filme irretocável, mas o mérito de boas histórias contadas através de excelentes artistas ainda existe e deve ser prestigiado.


The Post: A Guerra Secreta

Nota

Publicidade
Share.
Exit mobile version