A segunda temporada de The Witcher chega após 2 anos de espera ao catálogo da Netflix. Prometendo uma produção mais elaborada e uma trama mais aprofundada na mitologia da franquia de livros e games, o segundo ano cumpre bem as expectativas e traz uma obra mais auto-contida e mais densa. Desenvolvendo melhor seus personagens, suas próprias ameaças e perigos ao mesmo tempo que pega alguns atalhos e clichês narrativos para tal. Mas sem dúvidas nesta nova temporada a série dá um salto na qualidade.

E de cara já percebemos uma grande mudança, a série contou com mais orçamento na sua produção. Era esperado que depois do sucesso da primeira temporada The Witcher retornasse com mais investimento. E nota-se a olho nú essa melhora como no incremento das armaduras do exército de Nilfgaard (que antes usava um uniforme cinza estranhíssimo) e também nos efeitos especiais e cenas em CGI, tentando deixar pra trás algumas tosqueiras do ano anterior (como aquele bizarro dragão dourado). Os monstros agora são mais críveis e encorpados, com um design muito interessante desde o primeiro episódio. A série contou novamente com 8 episódios e em todos eles não deixa a peteca cair neste quesito. Essa valorização da obra pela Netflix é boa até para a manutenção do bom elenco da série, capitaneado pelo sempre competente e nunca extraordinário Henry Cavill. Que mais uma vez entrega um trabalho bom, mesmo sem expor os seus grandes músculos.

Falando de exposição, a série também mudou a quantidade de nudez em tela, diminuindo-a em boa quantidade, apesar de ainda termos certa nudez no recanto dos bruxos Kaher Morhen em certo momento. Mas as cenas tórridas de sexo que tínhamos entre Geralt (Henry Cavill) e Yennefer (Anya Chalotra) dão lugar aos mistérios mágicos de Cirilla (Freya Allan), a jornada de pertencimento dos elfos enquanto conhecemos um pouco mais dos personagens de Nilfgaard. Através desses novos caminhos mais da mitologia deste mundo é explicado para nós: as esferas da conjunção, a origem dos clãs, dos monstros e também a origem dos bruxos. Nesta temporada não só temos respostas da origem destes guerreiros mutantes, como também conhecemos seu covil e certos hábitos do grupo, que são mais comuns do que eu esperava. 

A trama baseia-se principalmente no mistério dos poderes de Cirilla, e se ramifica em outros núcleos que também estão envolvidos na busca da princesa de Cintra. Vamos aprendendo ao longo dos episódios como tais poderes funcionam e como pode ser uma arma muito perigosa, ao mesmo tempo que vamos conhecendo mais da personagem e nos empatizando cada vez mais com ela. A atriz Freya Allan surpreende com seu carisma (que na primeira não era muito evidente), e a relação dela com Geralt é uma das melhores coisa da temporada, explorando uma relação de mentor/aprendiz e pai/filha bem clichê, mas que funciona neste momento da obra. Assim também como no leve, porém satisfatório aprofundamento do núcleo de Nilfgaard em que descobrimos que o cavaleiro negro Cahir (Eamon Farren) não é tão amedrontador assim (ainda mais com a dublagem brasileira) e percebemos camadas na outrora odiosa maga Fringilla (Mimi Ndiweni).

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Por outro lado, a jornada de Yennefer deixa a desejar. A maga fica perdida em seu objetivo por bons episódios, geralmente deixando-a a mercê de atalhos e conveniências para que sua história ande, como seu envolvimento inicial com Voleth Meir, um demônio antigo aprisionado pelos primeiros bruxos. Seus momentos em Aretusa e em sua fuga com o Cahir. Falando em Aretusa aquela conspiração política envolvendo o conselho com outros reis e magos também é um tanto confuso, neste ponto os 2 anos de diferença entre as temporadas pesa, pois são muitos personagens secundários para lembrarmos de nomes e de até mesmo quem são. Demora um pouco, mas no fim Yennefer encontra seu caminho e engrena narrativamente após seu encontro com a Ciri.

Uma outra situação que chama atenção na série é como as distâncias dos locais da obra são flexíveis de acordo com a necessidade do roteiro. Há momentos que todo o continente que se passa a história parece ter a distância de um bairro na zona norte do Rio de Janeiro. Além de abertura de portais por magos, parece que os cavalos também têm o poder de teletransporte, quando o roteirista deseja. Chega até um momento em que Yennefer e Ciri pegam um portal, cavalgam por dias até chegar em Cintra e são alcançadas para serem salvas por Geralt, que viajou de mais longe, mais tardiamente que elas e parando para conversar e salvar amigos no caminho. Assim como em outros momentos em que se viajam dias para chegarem em Kaer Morhen e em outros momentos chegam em um piscar de olhos ao local. Vale salientar também que senti falta de uma música chiclete cantada por Jaskier (Joey Batey) como na primeira temporada, aonde tivemos a icônica o “Toss a coin to your witcher“.

Mesmo com estes problemas a série caminha bem. São pontos que chamam atenção, mas que passam pelo gargalo nesta grande produção de fantasia épica. E esse segundo ano The Witcher faz por merecer elogios de verdade, não só os de encorajamento (como ocorreu no ano anterior). A série evolui bem aumentando sua mitologia e aprofundando seus personagens, estabelecendo-se como uma das importantes obras de fantasia da atualidade. A terceira temporada já está confirmada, com o roteiro escrito e as filmagens começam em 2022. Espero que não demore 2 anos novamente para nos reencontrarmos com Geralt, Yennefer e Ciri.

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Análise

7.5 Bom!
  • Nota 7.5
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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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